Entrada de Emergência
Entrada de Emergência
é a
intervenção que representa oficialmente Portugal
na 6ª Bienal Internacional de Arquitectura de São Paulo,
comissariada pelo arquitecto Pedro Bandeira e organizada
pelo Instituto das Artes do Ministério da Cultura.
Entrada de Emergência será apresentada de 22 de Outubro
a 11 de Dezembro de 2005 na Fundação Bienal de São
Paulo, integrada nas representações nacionais da Bienal,
cuja 6ª edição é subordinada ao tema "Viver na Cidade -
Realidade - Arquitectura - Utopia".
SAÍDA DE EMERGÊNCIA
por Paulo Cunha e Silva
Todos passamos por
situações que exigem uma saída de emergência. Nesse
contexto, esta saída não é a saída dos fundos. Bem pelo
contrário, ela é uma saída nobre. Tem que ser rápida e
eficaz, ou seja, tem que ter um rendimento máximo. Na
saída de emergência não pode haver lugar para devaneios
entrópicos. Ela tem que estar lá, bem sinalizada, e
permitir uma evacuação rápida. Tem que cumprir a sua
função como estrutura de passagem sem atrito. Por isso
ela é também política, na sua natureza mais radical, a
natureza da polis.
A representação
portuguesa na Bienal de Arquitectura de São Paulo (da
responsabilidade do Instituto das Artes) procurava uma
saída de emergência. E, como acontece em todos os
tratados da evidência, ela já lá estava à nossa espera.
O espaço destinado a Portugal tinha sido colocado junto
a uma saída de emergência do pavilhão Matarazzo. Em vez
de nos queixarmos, e negociarmos outro espaço com a
organização, decidimos assumir esse condicionamento
“site specific” e fazer dele uma metáfora. Bem vistas as
coisas, o tema da bienal era “viver a cidade” e viver
numa cidade como São Paulo exige uma particular
sensibilidade a esta questão.
O triângulo era
perfeito: o contexto, o espaço e o tema. Faltava
encontrar o representante que desse corpo a esta ideia.
Mas também aí a solução se revelou como uma evidência. O
arquitecto Pedro Bandeira tem desenvolvido um conjunto
de trabalhos utópicos e parautópicos quer sob o ponto de
vista conceptual, quer sob o ponto de vista das
propostas formais, que o tornavam numa “entrada de
emergência”. Tema que ele oportunamente discute como
contraponto ao nosso desafio ao propor que numa cidade
com estas características sair pode querer dizer entrar.
Por isso, o seu projecto ao trabalhar a reversibilidade
entre fora e dentro, através da deslocação de terra do
exterior para o interior, se configura como o quarto
vértice (o vértice utópico) que transforma a ambiguidade
do triângulo na clareza do rectângulo.
PAULO CUNHA E SILVA
DIRECTOR DO INSTITUTO DAS ARTES
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