VAMPIRES IN SPACE

VAMPIRES IN SPACE
59ª Exposição Internacional de Arte – La Biennale di Venezia

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“...E aqui é sempre noite...”*
Vampires in Space, de Pedro Neves Marques, Representação Oficial Portuguesa na 59ª Exposição Internacional de Arte – La Biennale di Venezia, é uma instalação narrativa que transforma, em parte, a arquitetura gótica do Palazzo Franchetti numa inesperada nave espacial, dentro da qual a existência melancólica, dramas e rotinas de cinco passageires se desenrolam, durante uma longa viagem, de séculos, a um planeta longínquo.

Através de um novo filme, de poesia inédita e de um desenho de exposição imersivo, Pedro Neves Marques recorre à figura e expectativas do que consideramos ser um "vampiro" para abordar questões de identidade de género, famílias não-nucleares, reprodução queer, e também o papel da intimidade e da saúde mental nos dias de hoje. A longevidade imaginada do vampiro, reforçada aqui pela distância física do planeta Terra e pela noção de humanidade, permite um exercício retrospetivo que se poderá designar de “autoficção científica”, ancorada na própria experiência trans não-binária de Neves Marques, bem como uma revisão política de uma extensa história de controle sobre os corpos e o desejo. Se os vampiros sempre refletiram debates sobre género em diferentes épocas, desde a era vitoriana até a libertação feminista e a crise da SIDA, como respondem hoje aos avanços da biotecnologia ou à emancipação de vidas e ecologias queer?

Afinal, no espaço é sempre noite e, na sua imortalidade, os vampiros são os seres perfeitos para lidar com a incomensurabilidade das distâncias espaciais.

*excerto do guião para o filme “Vampires in Space”, 2022, de Pedro Neves Marques
 

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A Representação Oficial Portuguesa na 59ª Exposição Internacional de Arte da Bienal de Veneza apresenta um projeto individual de Pedro Neves Marques, cujo percurso é um dos mais relevantes e celebrados da sua geração.

A prática de Neves Marques, que inclui trabalho nas artes visuais, mas também no cinema, poesia e teoria, tem vindo a desenvolver uma forma de ficção especulativa que aborda algumas das questões mais prescientes do nosso tempo, desde a ecologia às políticas do corpo. Neves Marques entende os códigos da ficção científica de uma maneira única, interrogando os futuros distópicos que se avizinham no horizonte e, nesse processo, dar-nos um vislumbre de outras formas, críticas, de estar no mundo.

Intitulado Vampires in Space, o projeto de Neves Marques para o Pavilhão de Portugal assume a forma de uma instalação narrativa composta por filmes, poesia confessional e uma cenografia que transforma o segundo andar do Palazzo Franchetti numa nave espacial inesperada, dentro da qual a existência melancólica, dramas e rotinas de cinco passageires se desenrola durante uma viagem de séculos a um planeta distante. A cenografia imersiva contrasta o estilo gótico veneziano do palácio com uma sensibilidade sci-fi e especulativa, característica da prática de artista.

O caráter direto do título é intencional e permite que a narrativa se desenrole sem os constrangimentos causados pela criação de todo um contexto que enforme a ação. De certa forma, o título diz já tudo o que o visitante precisa saber. O filme oferece assim um vislumbre do quotidiano de cinco vampires enquanto viajam pelo espaço, transportando vida para um planeta distante. No espaço é sempre noite e, tendo a eternidade à sua disposição, os vampiros são as figuras ideais para vaguear pelas estrelas. Na sua solidão, longe de códigos e expectativas sociais exteriores, esta família de vampires relembra e reimagina as suas vidas passadas, guiando o visitante por uma narrativa aberta sobre o papel da ficção nas nossas vidas, e em particular em vidas marcadas por disforia de género ou vivencias transgénero.

Vampires is Space apresenta-se como uma história sem princípio nem fim, na qual o que importa é a viagem e não o destino. Emma, jovem vampire, sofre de amnésia. Apenas consegue recordar os cheiros e o toque de quem amou no passado, nunca os seus nomes ou rostos, e encontra consolo nos livros de banda desenhada da sua juventude. Selena é uma pessoa transgénero de muitas vidas cujo único desejo é que esta sua família simplesmente aguente um pouco mais. Itá, que em tempos foi a comandante da missão, agora mal encontra forças para sair da cama, enquanto Alex está prestes a descobrir o verdadeiro significado do vampirismo. Lorna, uma mulher cisgénero que desejava ser imortal e por isso se transformou em vampira pouco antes da partida, é agora a líder da missão.

Vampires in Space recorre assim à figura e expectativas associadas ao que consideramos ser um “vampiro” para abordar questões de identidade de género, famílias não nucleares, reprodução queer, bem como o papel da intimidade e da saúde mental e emocional nos dias de hoje. A longevidade imaginada do vampiro, reforçada aqui pela distância física do planeta Terra e da noção de humanidade, permite um exercício retrospectivo que pode ser entendido como uma “autoficção científica”, ancorada na própria experiência pessoal e de género de Neves Marques, bem como uma crítica política de uma extensa história de controlo dos corpos, do desejo e da imaginação. Se os vampiros sempre refletiram debates de épocas específicas em torno do género, desde a era vitoriana até a emancipação feminista e a crise da SIDA, como responderão hoje, por exemplo, à biotecnologia contemporânea ou à emancipação de vidas e ecologias queer?

Vampires in Space é, como toda a obra de Neves Marques, construído sobre um equilíbrio entre uma crítica sociopolítica direta, uma especulação narrativa fora do comum e o lugar criativo e emocional da exposição pessoal, invocando um espaço de liberdade intelectual e poética para o objeto artístico.

João Mourão e Luís Silva

 

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Dos renovados voos da arte portuguesa

A Representação Oficial Portuguesa na 59.ª Exposição Internacional de Arte – La Biennale di Venezia 2022 é um significante passaporte para uma efetiva valorização internacional da arte contemporânea portuguesa, num tempo efervescente em que múltiplos questionamentos e desafios perpassam os ecossistemas, agentes e relações culturais.

É, por isso, com inegável orgulho e entusiasmo que me associo à presença da representação portuguesa nesta Bienal, na certeza de que a promoção externa da inventividade e vitalidade artísticas nacionais constitui um objetivo de enorme relevância para o Ministério da Cultura.

A arte contemporânea tem sido, aliás, uma área em que o governo português tem apostado estrategicamente, com várias medidas estruturais e ambiciosas adotadas nos últimos dois anos, como a revitalização da Coleção de Arte Contemporânea do Estado, a produção de legislação que regula a inclusão de criações artísticas em obras públicas, o reforço do apoio financeiro governamental ao campo das artes visuais ou a recente criação da Rede Portuguesa de Arte Contemporânea.

Este ano, sob o lema “The Milk of Dreams”, título de um livro da artista surrealista Leonora Carrington, La Biennale di Venezia propõe uma cativante jornada imaginativa e transformadora que é permeável e atenta ao devir do mundo, incindindo em capilaridades e fronteiras relativas à convivência física, ética e política no seio da espécie humana, bem como entre o humano e o outro, os animais, as plantas, a natureza em geral e o planeta.

Essa reflexão artística sobre a teia de ligações e interdependências entre os indivíduos e as tecnologias, entre os corpos e a realidade planetária, a que se juntam ainda a representação da corporalidade e das suas metamorfoses, desnuda profundas mudanças que configuram novas subjetividades, hierarquias e anatomias. É neste âmbito que se inscreve o projeto “Vampires in Space”, de Pedro Neves Marques, com curadoria de João Mourão e Luís Silva, que representa Portugal neste certame de referência.

As posições identitárias e a crítica sociopolítica estão na ordem do dia quando se observam atentamente muitas das propostas artísticas contemporâneas, atingindo, nos últimos tempos, uma presença, mediatismo e transversalidade muito assinaláveis. O projeto de Pedro Neves Marques está amplamente comprometido com essa atualidade multimodal, convocando temáticas fervilhantes e pertinentes como a identidade de género, a sexualidade (nomeadamente a história de controlo dos corpos e do desejo), as modalidades de família não nuclear e o impacto da biotecnologia no processo reprodutivo.

“Vampires in Space” apresenta-se na La Biennale di Venezia como um projeto explicitamente queer, revisitando problemáticas de representação trans e não-binárias, e reforçando a presença na esfera pública de temáticas de género, ecologia e biopolítica como faróis para desenhar novos amanhãs, isto num tempo que nos interpela para um olhar urgente, responsável e lúcido sobre a democracia, a diversidade, a equidade, a sustentabilidade, a inclusão.

É importante sublinhar ainda dois aspetos: o trabalho de mediação artística que está acoplado a esta abordagem multidisciplinar, através de uma plataforma discursiva que, numa lógica de programação paralela, aprofunda e debate os temas explorados na proposta criativa de Pedro Neves Marques, integrando atividades nas áreas do cinema, música, performance e pensamento-reflexão; e a intenção de descentralizar estrategicamente e estimular a circulação, para outras geografias e públicos, deste projeto, de modo a que ganhe uma escala ainda mais impactante.

Uma palavra final de gratidão e elogio a Pedro Neves Marques pelo projeto apresentado e a toda a equipa artística, técnica e executiva envolvida, bem como aos curadores João Mourão, Luís Silva e Filipa Ramos. Este reconhecimento é extensível à coordenadora editorial Renata Catambas, aos responsáveis pela identidade visual e design e pela cenografia/arquitetura expositiva do projeto (respetivamente, o Remco Van Bladel Studio e o Diogo Passarinho Studio), e ainda à editora de arte Sternberg Press. Por último, um agradecimento especial à Direção-Geral das Artes por toda a organização, à Fundação EDP (Mecenas Principal), à Fundação Carmona e Costa, à Fundação PLMJ e à Fundación Botín.

Que a arte contemporânea portuguesa continue a divergir, a arriscar, a interrogar, a rasgar novos horizontes, imaginando modos outros de coexistência e transformação do mundo, e urdindo renovadas cosmologias. São essenciais novas perguntas para inventar novos futuros.

Graça Fonseca

Ministra da Cultura

A Representação Oficial Portuguesa na 59.ª Exposição Internacional de Arte La Biennale di Venezia é comissariada pela Direção-Geral das Artes - DGARTES - Ministério da Cultura.

 

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Palazzo Franchetti
Construído na segunda metade do século XV por uma histórica família veneziana, Palazzo Franchetti é um dos mais prestigiosos exemplos da arquitetura gótica de Veneza. Vários proprietários alteraram o edifício ao longo dos séculos. Em 1922, Sarah Luisa de Rothschild vendeu o edifício ao Istituto federale di credito per il risorgimento delle Venezie, que o renovou para a sua aparência atual e iniciou uma nova fase de ajustes funcionais, dando-lhe um destino principalmente expositivo.

San Marco 2842 - 30124 Veneza
(Perto da Ponte dell` Accademia)
Barco / Vaporetto Accademia
Linhas: 1, 2 e N
 

Datas e Horários do Pavilhão
23 de abril a 27 novembro de 2022 das 10h00 às 18h00
Encerra à segunda-feira, exceto 25 de abril, 30 de maio, 27 de junho,
25 de julho, 15 de agosto, 5 de setembro, 19 de setembro, 31 de outubro, 21 de novembro
Último dia: 27 novembro 2022

 

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PRESS KIT PT
PRESS KIT ENG
PRESS KIT IT
 

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Fotografias em alta definição no site oficial do projeto

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GERAL

VAMPIRES IN SPACE

Pavilhão de Portugal
59ª Exposição Internacional de Arte – La Biennale di Venezia 23.04 – 27.11.2022
Palazzo Franchetti San Marco 2842
30124 Veneza

Artista
Pedro Neves Marques

Curadores
João Mourão e Luís Silva

Organização
Ministério da Cultura de Portugal
Graça Fonseca

Comissariado
Direção-Geral das Artes
Américo Rodrigues

Produção Executiva e Comunicação
Catarina Correia, Joana Branco, Maria Messias, Sofia Isidoro

Programa Público
Filipa Ramos, Curadora
Diogo Pinto, Assistente Curatorial

Desenho Expositivo e Arquitetura
Diogo Passarinho Studio

Coordenação Editorial
Renata Catambas

Design Gráfico e Identidade Visual
Remco Van Bladel Studio

Gestão de Projeto
Natasa Venturi

Comunicação e Imprensa
Aviva Obst

Equipa Técnica
ArtAV, Spazio Luce, WeExhibit

FILME

Produção
Foi Bonita a Festa

Realização
Pedro Neves Marques

Elenco
Zahy Guajajara, Joana Manuel, Puta da Silva, Jules*Elting, João Abreu

Figuração
Dennis Correia, João Porto

Anotação
Tomás Paula Marques

Direção de Casting
Pedro Neves Marques, Catarina de Sousa

Produção Executiva/Direção de Produção
Catarina de Sousa

Direção de Produção/Scouting
Raquel da Silva

Direção de Fotografia
Marta Simões

1º Assistente de Imagem
Ana Ramos, Soraia Rego

2º Assistente de Imagem
Helena Marina, João Porto, Mariana Santana

Fotografia de Cena
José Pedro Cortes

Chefe eletricista
Paulo Xein, Inês Alegre

Assistente eletricista
Daniel Nicolau, Ricardo Giglio, Luís Magina

Direção de Som
Pedro Balazeiro/ FFFlecha

Perchista
Jérémy Pouivet

Música
HAUT

Direção de Arte
Artur Pinheiro

Assistente de Arte
Ivo Fartura

Aderecista
Susana Paixão
Maria Guiomar

Construção do décor
JSVC2 Decor, Lda

Figurinista
Inês Simões

Guarda Roupa/Coreografia
Alice dos Reis

Cabelo e Maquilhagem
Pedro Ferreira

Costureira Carmo
Boucinha

Estúdio de Pós-Produção
Walla Collective

Correção de Cor
Andreia Bertini

Desenho de Som e Mixagem
Tiago Matos

Efeitos Visuais
Pedro Prata

Estúdio de Filmagem
Grupo Nova Imagem

Equipamento de Filmagem
Planar Gestão Equipamentos Cinematográficos LDA
Showreel Audiovisuais

Contabilista
ACR Contabilidade e Consultoria
Amadeu Dores

Assistente de Contabilidade
Line Alves

Instituições parceiras
Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian (Lisboa), Arquipélago - Centro de Artes Contemporâneas (São Miguel, Açores), Centro Internacional das Artes José de Guimarães (Guimarães), Batalha Centro de Cinema (Porto)

Apoio à divulgação
RTP - Rádio e Televisão de Portugal, CURA., Electra, Jornal de Letras

Mecenas Principal Fundação EDP

Com o apoio
Fundación Botín, Fundação Carmona e Costa, Fundação PLMJ, AICEP – Portugal Global, Galleria Umberto Di Marino, Collezione E. Righi, Matteo Novarese (Bolonha), Collezione Alloggia (Roma), Collezione Renato Carraffa (Roma), Collezione Agovino (Nápoles)
 

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www.vampiresinspace.pt

https://www.instagram.com/vampiresinspace.pt/

 

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Contatos de Imprensa
Aviva Obst | aviva@avivaobst.pt | +351934728 964