"Antes da luz — ensaio sonoro sobre a paisagem" de Filipe Faria, até 31 janeiro 2026, Idanha-a-Velha

Fotografia: Filipe Faria, 2025
"Antes da luz — ensaio sonoro sobre a paisagem" de Filipe Faria (5º volume do Museu dos Sons Perdidos, um projeto original Arte das Musas) vai estar patetnte até 31 de janeiro de 2026 no Núcleo Museológico — Lagares de Idanha-a-Velha.
O Museu dos Sons Perdidos. Fotografia Paisagens sonoras de Filipe Faria, a partir de Idanha-a-Nova — provavelmente o lugar mais bonito do mundo — um território UNESCO como Reserva da Biosfera, território do Geopark Naturtejo da Meseta Meridional e Cidade Criativa da Música, cruzando material e imaterial.“
Notas
Ensaio:
Ninguém aqui dentro.
Tempo a passar.
Exercício:
Não há voz. A paisagem escrita.
Experiência:
Todas as horas antes da luz.
Paisagem sobre paisagem.
Esboço:
Do lugar vazio. Tarde demais. Ruído.
Hipótese:
Como soa o mundo? Schafer.
Observação:
Como soa Idanha.
Variação:
Criação a partir do ruído.
Prova:
Paisagem escrita.
Som sobre fotografia.
Invisível sobre sais de prata.
Ensaio:
O lugar não tem corpo nem cara.
O lugar tem pode ter esta voz.
Tempo a passar.
E a paisagem, um veículo.“
O Museu dos Sons Perdidos
Dizem que Guglielmo Marconi (1874-1937), físico e inventor italiano, padrinho da tecnologia rádio, acreditava que o som não morre. Sonhava ouvir os sons perdidos, tocar nessas frequências eternas.
Podíamos ouvir tudo. Ouvir a primeira inspiração dos nossos filhos e dos nossos pais. Ouvir o primeiro grito da Humanidade, cada sermão, conselho sábio ou riso de todas as gerações. Ouvir o som grave da primeira erupção ou o canto agudo daquela ave que escapou para longe. Todos nós podíamos ouvir tudo. Ouvir tudo, para sempre.
Depois de produzido, o som não morria mas perdia poder, enfraquecia. Estas ondas sonoras, fracas, sem destino preciso, permaneciam eternamente a flutuar. Qualquer som podia, em teoria, ser recuperado. Ouvido pela primeira ou pela enésima vez. Qualquer som de qualquer lugar ou tempo passado. O primeiro e o último. Um som perdido podia ser ouvido, novamente, com o equipamento certo. Um equipamento poderoso. Um que conseguisse ouvir e escolher. Um por inventar.
Todos os sons são sons perdidos… ondas que flutuam, independentes de outras vontades, até que alguém as consiga sentir ou sem destinatário. Persistentes. Frágeis. Mudas. Flutuações brutais ou discretas. Gritos ou sussurros. Ruídos. Vozes. Com todas as histórias do mundo.
Ainda não foi possível inventar aquele equipamento poderoso com que poderíamos ouvir todos os sons perdidos, mas inventámos a forma de os guardar. Hoje, conseguimos ouvir o dia de ontem, desta ou de outra geografia. Mais ou menos secreto. Enchemos o planeta de sons perdidos. Sons que, dependendo da nossa vontade, podem voltar a ser produzidos.
A construção de um Museu dos Sons Perdidos parte daqui... da tentativa de perpetuar as ondas das memórias pessoais e colectivas de uma comunidade... e o seu potencial criativo. Fundador. Reconfortante. Assustador.
A paisagem sonora de todos e de cada um, construída pelas biofonias, geofonias e antropofonias de um território… o mundo silencioso a partir do qual nasceu.
E a imagem, um veículo.
(Filipe Faria)
FICHA ARTÍSTICA E TÉCNICA
Um projecto de: Filipe Faria
Em parceria com: Município de Idanha-a-Nova/UNESCO Creative City of Music
O Museu dos Sons Perdidos é um projeto Arte das Musas, da autoria de Filipe Faria, com o apoio da República Portuguesa - Cultura, Juventude e Desporto e do Município de Idanha-a-Nova.
LOCAIS, DATAS E HORÁRIOS
Patente até 31 de janeiro de 2026
Lagares de Idanha-a-Velha — Núcleo Museológico (Sala do Pio)
Idanha-a-Velha
Horário: 9h30>13h00 - 14h00>17h00
BILHETEIRA
Entrada livre
CLASSIFICAÇÃO ETÁRIA
M/6
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