DGARTES divulga recomendações sobre práticas ecológicas nas artes performativas, resultado do estudo realizado em parceria com a Universidade de Coimbra

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DGARTES divulga recomendações sobre práticas ecológicas nas artes performativas, resultado do estudo realizado em parceria com a Universidade de Coimbra

“A parte pelo todo. Relatório do inquérito Práticas Ecológicas e Sustentáveis nas Artes Performativas em Portugal” acaba de ser divulgado. Este estudo pioneiro em Portugal, apresenta uma série de propostas para intervenções de política cultural pública no domínio da sustentabilidade ambiental, um dos mais prementes desafios da atualidade. Foi realizado no Centro de Estudos Interdisciplinares (CEIS20) da Universidade de Coimbra (UC), numa parceria com a Direção-Geral das Artes (DGARTES), que conta com a coordenação científica dos investigadores Vânia Rodrigues e Fernando Matos Oliveira.

Partindo deste acordo de cooperação estratégica entre a DGARTES e a UC, realizado com o objetivo de explorar a ligação entre a gravidade da crise ambiental e os instrumentos das políticas culturais, foram auscultadas as estruturas artísticas portuguesas quanto à pertinência destas ligações, bem como relativamente às necessidades e expetativas que têm face ao imperativo ecológico. Deste trabalho, resulta a publicação agora divulgada.

Este relatório agora divulgado analisa os resultados de um inquérito transversal efetuado a mais de uma centena de entidades e profissionais das artes e da cultura em Portugal, revelando que a maioria dos inquiridos expressa um elevado nível de preocupação com as questões ecológicas (76%), concorda com a participação das artes e cultura nos esforços de transição ecológica (90%) e que considera ainda que estas podem inspirar mudanças de mentalidades (96%) – com 77% a admitirem a possibilidade de as questões de sustentabilidade serem incorporadas “nos critérios de financiamento público no domínio das artes e da cultura”.

Tratando-se de um estudo exploratório com componente crítica, o relatório apresenta, além dos resultados do inquérito, um conjunto de recomendações que incluem o “combate às ideias pré-concebidas que associam o desafio ecológico a lógicas punitivas ou moralizadoras” e a mobilização de “recursos humanos e financeiros suficientes, bem com mecanismos de escrutínio e avaliação”. Entre as propostas de intervenções de política pública cultural (que resultaram das questões levantadas à comunidade artística), destacam-se “dar prioridade a ações nos domínios de formação/capacitação; investigação, informação e recolha de dados; acompanhamento e avaliação; financiamento; cooperação internacional e justiça ambiental; e inovação, experimentação e iniciativas-piloto”. O Relatório aponta, ainda, dilemas e obstáculos importantes, que se colocam tanto a agentes culturais como a decisores políticos. Segundo os investigadores, “a urgência da crise ecológica que justifica este trabalho não impede que o mesmo assinale incertezas e contradições”.

A publicação encontra-se disponível em acesso aberto aqui.