Medida Incerta / Uncertain Measure

logomedidaincerta.png

PT

A participação portuguesa na edição de 2017 da Bienal de Artes de Veneza, assegurada pelo escultor José Pedro Croft, vai concluir o ciclo iniciado com a participação de Álvaro Siza na edição da Bienal de Arquitetura em 2016.  

Croft, o mais importante escultor da geração dos anos de 1980 em Portugal,  apresenta um conjunto de seis esculturas monumentais em espaço externo, nos jardins que envolvem o elegante e eclético complexo arquitetónico novecentista da Villa Hériot. As peças estabelecem um diálogo rítmico com a métrica das construções vizinhas de Álvaro Siza mas são claramente autónomas dessa referência. José Pedro Croft estabelece também um diálogo igualmente intenso com o contexto histórico (urbano, escultórico e pictórico) de Veneza, com a realidade artística da Bienal e as presenças permanentes e efémeras de arte moderna e contemporânea que enriquecem a cidade, bem como com a tradição que o cinema nela implantou. 

O trabalho de José Pedro Croft – intitulado Medida Incerta aponta para soluções de construção e desconstrução do plano e da ortogonalidade. As seis monumentais molduras em aço (de 8x3m a 6x1m), dispersas no espaço público, sustentam planos de vidro colorido ou de espelho que, inseridos em ângulos sempre diversos vão permitir a interação de cada peça entre si, com o meio onde serão instaladas e com os percursos dos visitantes. Deste modo, multiplicam o real capturando longínquos ou muito próximos planos de arquitetura e paisagem arquitetónica, vegetal, atmosférica e aquática. 

Confirmando o tipo de soluções que tão bem caracterizam a obra do artista as esculturas de Medida Incerta desenvolvem metáforas de energia (aceleração, instabilização e efemeridade, vertigem ou multiplicação) que coincidem com o próprio lema escolhido para a Bienal de 2017: "Viva Arte Viva".  

Ao receber de novo um pavilhão nacional em 2017 a Giudecca pode reforçar a visibilidade e reconhecimento local e internacional da crítica e da imprensa generalista, dos públicos especializados e dos seus habitantes já alcançada com a presença de Siza em 2016. 

Uma exposição interior complementará a apresentação exterior das peças, dando ao público o contexto em que se insere o trabalho do artista e fornecendo dados sobre a génese das peças desta Bienal e documentando (através de estudos, maquetas e fotografias de obra) o pensamento de José Pedro Croft ao longo do ano de preparação da sua representação para o Pavilhão de Portugal na Bienal de Artes de Veneza 2017. Outros momentos de 2016/17 merecerão especial destaque, o projeto da barragem do Feiticeiro (Baixo Sabor), em Portugal e o de Itaipava, no Brasil, aproximados por temas comuns: a presença ou relação intensa (embora diversa) com a água; a relação que, no caso da barragem, com a arquitetura de Álvaro Siza; o modo como as esculturas funcionam como elementos de construção e desconstrução: instrumentos de reflexão, multiplicação, deslocação, transparência e desregulamento de toda a ortogonalidade.

João Pinharanda
Curador

(o autor não segue o novo acordo ortográfico)

 

 

barra.png
EN

Portugal's participation in the 2017 edition of La Biennale di Venezia, through the presence of sculptor José Pedro Croft, will conclude a cycle that began with Álvaro Siza at Biennale Architettura 2016.

One of the most important sculptors from the 1980s generation of artists in Portugal, Croft will present a group of six monumental sculptures in the gardens surrounding the elegant and eclectic twentieth–century architectural complex of Villa Hériot. The pieces establish a rhythmic dialogue with the parameters of Álvaro Siza’s neighbouring buildings while maintaining a clearly autonomy presence. José Pedro Croft also establishes an equally vivid dialogue with Venice's historical context (urban, sculptural and pictorial), with the Biennale's artistic milieu and the permanent and ephemeral works of modern and contemporary art that enrich the city, and with the tradition that cinema has implemented.

José Pedro Croft's work, entitled Medida Incerta (Incertain Measure), alludes to solutions for theconstruction and deconstruction of the plane and orthogonality. Six monumental steel frames (8 x 3 m to 6 x 1 m), distributed throughout the public space, support coloured glass and mirrored window paneswhich, inserted at different angles, allow each piece to interact with theother, as well as with the space in which they will be installed and the pathways ofvisitors. Hence, they multiply the real by capturing planes both distant andclose to architecture,as well asthe architectural, plant, atmospheric and aquatic landscape.

Attesting to the kind of solutions that typifythe artist's work so well, the sculptures of Medida Incerta (Uncertain Measure) engender metaphors of energy– acceleration, instability and ephemerality, vertigo or multiplication –that perfectly coincide with the 2017 Biennale's motto: "Viva Arte Viva".

By once again playing host to Portugal's national pavilion in 2017, Giudecca strengthens its visibility and reinforces the local and international recognition gained fromart critics, the press, niche audiencesand local residents through Siza's presence in 2016.

An indoor exhibition will complement the works presented in the garden, allowing the public to understand the context of the artist's work byshowing the process that led to the creation ofthe pieces (through studies, models and photographs), as well as José Pedro Croft's personal reflections during the year he spent preparing for the exhibition for the Portuguese Pavilion at La Biennale di Venezia 2017. Other highlights of 2016/17 will include the Feiticeiro Dam(Baixo Sabor) project in Portugal and the Itaipava Dam project in Brazil, which are linked by common themes: their intense presence or relationship (albeit different) with water; their relationshipwith Álvaro Siza's architecture; and the way in which the sculptures function as elements of construction and deconstruction: instruments for reflection, multiplication, displacement, transparency and deregulation of all orthogonality.

João Pinharanda
Curator