5 a 22 de julho, Lisboa | "Colónia Penal" de Jean Genet

Teatro
5 a 22 de julho, Lisboa | "Colónia Penal" de Jean Genet

© Maria Antunes

Com encenação de António Pires, "Colónia Penal", de Jean Genet, é uma produção da Ar de Filmes e conta com as interpretações de Luís Lima Barreto, João Barbosa, Hugo Mestre Amaro, Rafael Fonseca, Gio Lourenço, Igor Regalla, David Spínola, João Maria, Francisco Vistas e Christian Martins. A cenografia está a cargo de Alexandre Oliveira. A peça pode ser vista entre 5 e 17 de julho, no Teatro do Bairro, Lisboa.

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Sinopse:
Por Luís Lima Barreto

Colónia Penal ( Le Bagne ) é uma peça inacabada de Jean Genet, que chegou também a ser um guião de cinema, e que foi por ele escrita e reelaborada ao longo 15 anos, entre 1942 e 1964. É um "verdadeiro santuário do seu Imaginário", no dizer de Michel Corvin, que fez a edição da peça para a coleção Folio-théâtre, e por nós traduzida nessa versão.
Trata-se de uma sucessão de cenas - de quadros, mais propriamente dito - com um ténue fio narrativo, ligadas pela presença de um punhado de personagens, utilizando diversas formas de expressão literária, desde o poema em prosa ao guião cinematográfico, passando, e baseando-se, nele evidentemente, pelo discurso dramático. É, sem dúvida o texto onde o Autor mais se aproxima de um texto dramático de expressão "globalizante" que ele procurou nos últimos anos da sua vida. Numa carta a Bernard Frechman, considerava-a a sua melhor peça, dizendo que se tivesse chegado a publicá-la, " ficaria "dez anos sem escrever".

Com efeito, está nela contida uma súmula da temática e do estilo genetianos: a prisão e o degredo como paraíso sonhado e perdido; a idealização de uma vida essencializada pela proximidade da morte; a exaltação do crime como meio dela se aproximar; a guilhotina como objeto santificador; o herói concebido como um banido, que espera esse gesto de sublimação e de libertação. Neste caso, a colónia penal, o degredo, é um espaço idealizado, onde a morte ou a aproximação dela, se torna como tema sempre presente e liga todas as personagens. O próprio Autor assume essa idealização quando diz: "... repito que este discurso pretende ser um poema [...]. A sua finalidade não é apresentar o mundo exterior, a descrição de uma colónia real, existindo verdadeiramente num lugar geográfico preciso e habitado por forçados que ainda vivem, ou de personagens copiadas, decalcadas sobre criminosos reais. A imaginação do autor cria, pois, a partir da sua única sensibilidade, um universo arbitrário [...] um universo arbitrário, mas não incoerente ." Nesse espaço idealizado e fechado, autónomo, longe do mundo, perdido num deserto, onde vive uma sociedade de excluídos, movimentam-se os degredados, os guardas e os administradores da prisão, todos lúcidos e alienados pelos seus sonhos, destacando-se, como elemento aglutinador, os forçados Rocky, Ferrand e Forlano. Há em todas esses condenados uma exaltação do abjeto, contrastando com os guardas negros que, não condenados à morte, parecem ter uma visão mais luminosa da realidade.

O discurso, com uma notável densidade poética, marcadamente erotizada, contribuindo ainda mais para essa idealização das personagens, fornecendo-lhes uma aura de excecionalidade, aproxima-se da audácia provocadora dos seus romances, pela brutalidade da linguagem, surpreendendo o leitor / espectador pelas associações verbais inverosímeis, desconstruindo sistematicamente as categorias morais do universo burguês, fruto de uma subjetividade exacerbada, barroca, implicando todo o tempo um minucioso trabalho de descodificação.

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Ficha artística e técnica:
Texto de Jean Genet
Encenação: António Pires
Tradução: Fátima Ferreira e Luís Lima Barreto
Interpretação: Luís Lima Barreto, João Barbosa, Hugo Mestre Amaro, Rafael Fonseca, Gio Lourenço, Igor Regalla, David Spínola, João Maria, Francisco Vistas, Christian Martins
Cenografia: Alexandre Oliveira
Figurinos: Luís Mesquita
Caracterização: Ivan Coletti
Luz: Rui Seabra
Assistente de iluminação: Cláudio Marto
Música: Paulo Abelho
Assistente de som: Guilherme Alves
Construção de cenário: Fábio Paulo
Pinturas: Carine Demoustier
 Ilustração: Joana Villaverde
Filmes: João Botelho
Imagem: Rodrigo Albuquerque
Som: Paulo Abelho
Edição: Edgar Alberto
Vítimas: Márcia Breia, Francisco Tavares, Jaime Baeta, Carolina Campanela, Guilherme Alves
Direção de produção: Ivan Coletti
Administradora de produção: Ana Bordalo
Comunicação: Maria João Moura
Produtor: Alexandre Oliveira
Produção: Ar de Filmes

Duração: aproximadamente 100 m 

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Locais, datas e horários de apresentação:
5 a 17 de julho de 2018 (segunda e terça às 18h00 e de quarta a sábado às 21h30)
18 a 22 de julho de 2018 (quarta a sábado às 21h30 e domingo às 17h00)

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Bilheteira: 
Preço dos bilhetes: 12 euros (descontos aplicáveis)
Reservas e informações: +351 213 473 358 / +351 913 211 263
Bilhetes à venda em www.bol.pt

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Público:
Classificação etária: maiores de 16 anos

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Mais informações:
www.teatrodobairro.org