10 setembro, no Goethe-Institut, "Problematizar a realidade - encontros entre arte, cinema e filosofia", pela Maumaus

Artes plásticas
10 setembro, no Goethe-Institut, "Problematizar a realidade - encontros entre arte, cinema e filosofia", pela Maumaus
Ciclo de Conferências

Maria Augusta Ramos. Juízo, 2007. Still de filme.

As obras de arte, nomeadamente aquelas que trabalham a partir de material documental, podem oferecer um apelo particularmente desafiante para refletir sobre a realidade. Enquanto a ligação indexante à realidade que abordam garante ao som e à imagem uma credibilidade especifica, a postura do artista, a sua escolha estética, temática e política, bem como a posição autorreflexiva, podem gerar uma avaliação critica sobre a constituição dessa realidade. É neste ponto que a arte encontra a filosofia. A reflexão sobre a relação entre o mundo factual e a sua apropriação subjetiva, questionando as reivindicações hegemónicas de objectividade e autoridade e problematizando as contradições inerentes à sociedade, são, por imanência, questões filosóficas.
Problematizar a realidade – encontros entre arte, cinema e filosofia é um conjunto de programas que decorre em vários espaços culturais da cidade de Lisboa, numa parceria entre IFILNOVA (CineLab) / FCSH / UNL, Goethe-Institut Portugal e Maumaus / Lumiar Cité e em colaboração com Apordoc / Doc’s Kingdom. Estes encontros internacionais entre artistas e investigadores focam-se no momento em que a arte, o cinema e a filosofia se entrelaçam num diálogo produtivo.

Numa parceria com o seminário Doc's Kingdom 2018 - Máquina do Mundo, o terceiro programa decorre no Auditório do Goethe-Institut, com o encontro entre a cineasta Maria Augusta Ramos e a investigadora Patrícia Mourão, acompanhado pela projeção de Juízo (2007) da autoria da realizadora brasileira. O filme acompanha o percurso de alguns casos do elevado número de jovens menores de idade pelos corredores sem saída do sistema jurídico brasileiro. Meninos e meninas de origem desprivilegiada são confrontados com os crimes, as decisões e as sentenças proferidas por roubo, tráfico de drogas ou assassinato. Devido às restrições legais sobre a revelação da identidade dos menores, os acusados são interpretados por adolescentes escolhidos por terem vivido semelhantes condições sociais. Todos os outros participantes - juízes, procuradores, advogados, funcionários penitenciários ou familiares - são pessoas reais filmadas durante as audiências no Tribunal de Menores do Rio de Janeiro e em visitas às instalações correcionais para onde os menores são conduzidos. Patrícia Mourão é programadora convidada do seminário Doc's Kingdom 2018 - Máquina do Mundo, que decorre de 2 a 7 de Setembro em Arcos de Valdevez, onde Maria Augusta Ramos é uma das realizadoras convidadas.

Maria Augusta Ramos nasceu em 1964, durante o rescaldo do golpe militar no Brasil. Desde o seu primeiro documentário, procura perscrutar e representar as instituições brasileiras, nomeadamente o sistema judicial e penal, com os seus tribunais, as forças policiais e as prisões. Trabalhando dentro de uma tradição de cinema observacional e não-intervencionista, recusa a utilização de entrevistas ou relatos. No que toca à exploração de questões relacionadas com a violência urbana e a criminalidade, a obra de Maria Augusta Ramos adota uma abordagem interna, seguindo aquilo a que chama “Teatro da Justiça”, analisando a semelhança espacial entre tribunais e palcos, bem como os aspectos performativos dos juízes e outros agentes judiciais. Os seus filmes foram apresentados e premiados em mostras internacionais, incluindo os festivais de cinema Visions du Réel, Mar del Plata, Cinéma du Réel, IDFA, Viennale, Berlim, Roterdão, Locarno e IndieLisboa.

Patrícia Mourão é programadora de cinema, pós-doutoranda no departamento de Artes Visuais da Universidade de São Paulo e doutora em cinema pela mesma universidade, com bolsa de investigação na Columbia University (Nova Iorque). Foi programadora de mostras de cinema, incluindo Andrea Tonacci (Cinéma du Réel, Centre Pompidou, Paris), Cinema Estrutural (Caixa Cultural, Rio de Janeiro), Jonas Mekas (CCBB, São Paulo) e Harun Farocki (Cinema- teca Brasileira, São Paulo). Organizou publicações dedicadas a cineastas como David Perlov, Pedro Costa, Straub-Huillet e Naomi Kawase. Escreve com regularidade para o site da Zum – Revista de Fotografia e, nos últimos anos, tem conduzido cursos em instituições de arte como MAM-Museu de Arte Moderna de São Paulo, MASP-Museu de Arte de São Paulo e IMS- Instituto Moreira Salles.

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Ficha técnica:
Juízo (2007, 90 Min.) de Maria Augusta Ramos
Conversa: Maria Augusta Ramos, Patrícia Mourão

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Locais, datas e horários de apresentação:
Goethe-Institut, Auditório
Campo dos Mártires da Pátria, 37, Lisboa
10.09 | 18h30

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Informação sobre bilheteira:
Maiores de 16 anos
Entrada livre, sujeita à lotação da sala

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Contactos da entidade promotora:
Maumaus
Campo dos Mártires da Pátria, 100 – 1º Esq.
1150 – 227 Lisboa
Tel/Fax: +351 21 352 11 55
maumaus@maumaus.org / info@problematisingreality.com
www.maumaus.org / www.problematisingreality.com