28 de setembro "A Última Estação" de Elmano Sancho, pela Associação Avesso, Ilha da Madeira

Teatro
28 de setembro "A Última Estação" de Elmano Sancho, pela Associação Avesso, Ilha da Madeira

Sofia Berberan

Sinopse:
"Bernard-Marie Koltès deparou-se com a fotografia do assassino em série Roberto Succo no metro de Paris. Não conseguiu desviar o olhar. Em vez de repulsa, porém, sentiu atração, desejo e admiração. Koltès inspirou-se nesse “encontro” para escrever Roberto Zucco, o seu último texto (1988).
Não me recordo quando comecei a pesquisar a vida e obra - se é que podemos falar em obra - de Ted Bundy. Tal como aconteceu com Koltès em relação a Roberto Succo, também eu não consegui desviar o olhar da primeira fotografia que vi de Ted Bundy, um dos mais temíveis e famosos assassinos em série dos Estados Unidos da América. Vasculhei, dias a fio, os atos em torno desta figura carismática de olhar perturbador. Guardei uma imagem junto às minhas fotografias pessoais e esqueci-a.
-Estás tão bem nessa fotografia!
-Qual?
-Esta.
-Não sou eu, é o Ted Bundy.
-Quem?
-Ted Bundy, um assassino em série norte-americano que matou mais de 35 mulheres.
-És muito parecido com ele.

A minha semelhança física com Ted Bundy (1946-1989) é o ponto de partida para uma reflexão sobre a violência e o desejo de transgressão na vida (realidade) e na arte (ficção).
A exploração da função do dibbuk – na mitologia judaica, o espírito ou o demónio que habita o corpo de um indivíduopermite expressar toda a ambiguidade da criação artística, oscilando entre a blasfémia e o sagrado. Através da convocação, possessão e incorporação do criminoso, o autor e intérprete foge a uma lógica de representação, livra-se a um ato transgressor, sacrificial e terrorista - eis o meu corpo, tomai e comei; eis o meu sangue, tomai e bebei– e insurge-se contra a euforia de uma sociedade reprodutora de frustrados, excluídos e vítimas que persiste em evitar o tema da perda, do sofrimento e da morte.
O discurso - grito do lobo solitário para comunicar com o outro e consigo mesmo - é um ato de resistência e de revolta contra a cultura de massas, a hipocrisia, a repressão, a indiferença, a impotência e o desencantamento. Constitui uma ameaça real e manifesta-se através da perpetuação das ruínas, dos detritos, dos restos, dos corpos e almas apodrecidos, massacrados, mutilados, violados e esquecidos. Mas a linguagem violenta e agressiva, disfarce falível das personagens sensíveis para sobreviver no mundo contemporâneo da violência, não leva à salvação.
A tragédia – canto produzido aquando do sacrifício de um bode – segue o seu curso numa cerimónia que apresenta os contornos da Via Crúcis, as estações da Paixão de Cristo: a condenação à morte anunciada abre caminho a uma via dolorosa que culmina na inumação, mas que aspira à ressurreição, a XV e última estação."

Biografia Elmano Sancho:
É bilingue em Português/Francês e fala fluentemente Espanhol e Inglês. Tem o curso de Formação de Atores da Escola Superior de Teatro e Cinema (ESTC). Estudou em Madrid (Real Escuela Superior de Arte Dramático - RESAD), São Paulo/Brasil (Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo- ECA/USP) Paris (Conservatoire National Supérieur d ́Art Dramatique de Paris - CNSAD) e NY (Saratoga International Theater Institute – SITI COMPANY/Anne Bogart)
Representou nos seguintes países: Portugal, Espanha, França, Itália, Bélgica, Grécia, Brasil, Irão, Japão, Turquia, EUA, Cabo Verde, Colômbia. Trabalhou com o Teatro da Garagem, Teatro dos Aloés, Ensemble, Jorge Silva Melo/ Artistas Unidos, Emmanuel Demarcy-Mota, Pedro Gil, Rogério de Carvalho, Ana Tamen, Miguel Abreu, Maria João Miguel, Paulo Lage, António Aguiar, Bruno Freyssinet, Barney O ́Hanlon. Integrou o elenco da primeira Companhia Teatral Europeia (encenação de Virgínio Liberti e Annalissa Bianco - Festival de Nápoles e Mérida). Integrou a XVIII edição da École des Maîtres com encenação de Arthur Nauzyciel. Em 2010-11 trabalhou em Paris, no elenco da Comédie Française, com Bruno Bayen e Jacques Allaire. Em 2014-15 foi bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian para trabalhar e investigar em Nova Iorque, junto à SITI COMPANY- Anne Bogart.
Foi nomeado melhor ator de Teatro para os Globos de Ouro com Não se Brinca com o Amor (2012), Herodíades (2013) e A Estalajadeira (2014), Display (2018) e para os prémios SPAAUTORES com Não se Brinca com o Amor (2012) e O Campeão do Mundo Ocidental (2014).
Foi nomeado pela revista TimeOut melhor ator do ano de 2012 com Herodíades. Estreou-se como encenador em 2014, com o espetáculo Misterman, de Enda Walsh, com o qual recebeu o prémio de melhor ator da Sociedade Portuguesa de Autores. Em 2015, encenou o seu segundo espetáculo, I Can ́t Breathe, no Festival Temps d ́Images, com o qual recebeu a Menção Especial do Prémio da Crítica da Associação Portuguesa de Críticos de Teatro. Em 2016, apresentou no São Luíz Teatro Municipal e no Teatro Nacional de Bogotá a sua terceira encenação, Não Quero Morrer.
Para Teatro, escreveu os textos I Can ́t Breathe (2015), Não Quero Morrer (2016) e A Última Estação (2018).
Em 2018, foi bolseiro da Direção Geral do Livro e das Bibliotecas para a criação literária na área da dramaturgia com o projeto A Sagrada Família ( três textos - O Pai, A Mãe e O Filho).
No cinema e na televisão trabalhou com Keren Ben Rafael, Odile Brook, Jorge Paixão da Costa, Hugo Diogo, Solveig Nordlund, Valéria Sarmiento, Rita Nunes, Fernando Vendrell, Jérome Cornuau, Benoît Jacquot, Sérgio Graciano, Yuri Alves, Marco Pontecorvo e Francisco Manso.
Foi nomeado como melhor actor secundário para os Prémios Áquila 2018 com A Filha da Lei.
É igualmente licenciado em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade do Porto e em Tradução (Francês/Espanhol/Inglês) pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.

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Ficha artística e técnica:
Autoria: Elmano Sancho
Interpretação: Elmano Sancho, Cheila Lima, Isadora Alves, Márcia Branco e Mónica Cunha
Espaço cénico e figurinos: Renata Siqueira Bueno com a colaboração de Roberto Bueno e Liana Axelrud
Desenho de luz: Alexandre Coelho
Produção executiva: Nuno Pratas
Produção: Culturproject e Lobo Solitário

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Locais, datas e horários de apresentação:
Centro Cultural John dos Passos 
Rua Príncipe D. Luís, 3, 9360-218, Ponta do Sol, Ilha da Madeira
28 setembro, às 21h

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Informação sobre bilheteira:
Preço Normal:7,50€
Preço de Estudante: 5,00€
Passe do Festival: 30€ (Normal) e 20€ (Estudantes)

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Contactos da entidade promotora:
Associação Cultural, Desportiva e Recreativa Avesso
Rua dos Gagos, 2, 9360-214 Ponta do Sol, Ilha da Madeira
291 974 034 | info@avesso | https://festival.avesso.pt