9 novembro inaugura Exposição "Não estou lá em baixo. Nem lá em cima estou", de Tonio Kröner, pela Maumaus, Lisboa

Artes plásticas
9 novembro inaugura Exposição "Não estou lá em baixo. Nem lá em cima estou", de Tonio Kröner, pela Maumaus, Lisboa

© Tonio Kröner

Sinopse:
"Um título longo desafia o modo como a própria exposição pode ser anunciada. A imprensa tem a liberdade de o usar como desejar: por inteiro, apenas as duas primeiras linhas ou qualquer linha, podendo o respetivo layout ser inventado. Um título que contempla ser recortado institucionalmente convidará os meios de comunicação a assumirem a sua parte na criação de significado? A página online da Maumaus / Lumiar Cité indica o título completo.
O artista assume uma responsabilidade na gestão do espaço, onde as decisões curatoriais e a produção das obras de arte se fundem numa obra de arte total (Gesamtkunstwerk): o logótipo da galeria é deslocado, o título ocupa uma incomum e grande parte da fachada de vidro, a folha de sala e a lista de trabalhos são fundidas num cartaz com base no formato do papel timbrado da instituição, que também serviu de modelo para o convite impresso, e um conjunto composto por uma mesa e duas cadeiras foi escolhido pelo artista para a assistência da galeria ocupar o seu lugar na exposição. Um prelúdio denso para o que está por vir. Tradução de épocas e interpretação de técnicas: o expressionismo gestual e fenómenos pop do final da década de 1970, início da década de 1980, que atualmente ainda ressoam entre diferentes gerações; duas figuras do programa televisivo “Os Marretas” que parecem pertencer a um grupo imaginário de figurantes (aqueles sem personalidade definida) que, na sua apresentação na exposição, literalmente falando, posicionam-se como frente e verso; uma é apresentada no espaço expositivo da Alta de Lisboa e a outra, entediada, encontra-se sentada numa cadeira dos escritórios da sede da instituição que programa a galeria, localizada no centro de Lisboa.
No espaço expositivo apresentam-se várias pinturas evocando um autor do passado, cujo nome não é mencionado. A apropriação de um expressionismo gestual torna a tradução de Kröner numa pintura “tensa” e num não convencional conjunto de telas de juta. As paredes do espaço estão integralmente ocupadas: nas pinturas predomina a cor de diferentes tons de vermelho, que combinam com as paredes de tijolo do Lumiar Cité, e os tamanhos originais dos “originais” evocados são ligeiramente corrigidos para se ajustarem ao espaço.
Traduzido pela Maumaus, o poema-título originalmente intitulado "Halfway Down", escrito por Alan Alexander Milne e publicado em 1924, pode ser entendido como um leitmotiv para as negociações de Kröner sobre as estratégias expositivas, a pintura, a escultura e as questões do próprio interior. Poderia ser, nem acima nem abaixo, a evocação de um lugar impopular como chave para ler a exposição? A tradução do expressionismo gestual para uma arte conceptual (desajeitada) sugere um lugar intermédio, um espaço desconfortável como uma mesa no meio de um restaurante onde ninguém se quer sentar. A aparente falta de um fluxo livre de gestos e profundidades no “expressionismo gestual” de Kröner permite que contorne o problema da autenticidade, possibilitando que negoceie os seus termos relativamente a determinada época, quando o género masculino dominava a pintura de grande escala e o programa “Os Marretas” foi transmitido. Kröner nasceu depois do final da década de 1970 e conhece esta época por meio de pesquisas e relatos, entendendo-a sob a perspetiva de hoje (a sua), ainda ressoando como um momento de mudança das gerações da disciplina e do controlo, com a sua definição clara do bem e do mal, até às gerações da ansiedade e da identidade. Para além destes elementos sugestivos, a exposição não busca a elevação sensual ou a profundidade hermética: as referências alegóricas são o material para o artista jogar e trabalhar, subtraindo diferentes modos de experiências estéticas."

Tonio Kröner (Alemanha, 1984) vive e trabalha em Berlim. Entre as suas exposições individuais e coletivas recentes destacam-se: “Tonio Kröner (ed.). Silhouettes (With text contributions by Vanessa Place, Simon Thompson and Keaton Ventura), Vienna: Westphalie, 2017, English, 17 x 12 cm, 68 pages, 3 spot color double-spreads, 580 ex., ISBN 978-3-903216-00-6. €9, free coffee”, Nousmoules, (Viena, 2018); “Is it language that they’re after? (keine*r antwortete.)”, Kunsthalle Exnergasse (Viena, 2018); “Something Stronger Than Me*”, WIELS (Bruxelas, 2017); “Emulate & Imitate” (with Niklas Lichti), Ve.sch, (Viena, 2015); “I Hate my Village”, M1 Arthur Boskamp-Stiftung, (Hohenlockstedt, 2014); “Vienna Complex”, Austrian Cultural Forum New York (Nova Iorque, 2014); e “Bubbletearz”, WCW-Gallery, (Hamburgo, 2013).

A exposição é uma colaboração da Maumaus / Lumiar Cité com a Associação de S. Bartolomeu dos Alemães em Lisboa e o Goethe-Institut Portugal, no âmbito da parceria para o Programa Internacional de Residências da Maumaus, e faz parte do evento multidisciplinar Fogo Island Dialogues: Atlantic Codes (Lisboa, 08.-09.11.2019).
A Exposição está integrada no Programa Internacional de Residências da Maumaus.

/
Ficha técnica:
Artista plástico: Tonio Kröner
Direção artística: Jürgen Bock

/
Locais, datas e horários de apresentação:
Lumiar Cité, Lisboa
09.11.2019 - 02.02.2020 | Exposição
09.11.2019  | 18h   Inauguração da exposição
25.01.2020  | 17h   Conversa com o artista
Lumiar Cité - Rua Tomás del Negro, 8A - 1750-105 Lisboa

/
Informação sobre bilheteira:
Maiores de 6 anos. Entrada livre.

/
Contactos da entidade promotora:
Maumaus
Campo dos Mártires da Pátria, 100 – 1º Esq. - 1150 - 227 Lisboa
+351 21 352 11 55 | maumaus@maumaus.org | www.maumaus.org