Festivais Gil Vicente, pela A Oficina / 2 a 11 junho, Guimarães

Espetáculo "Ainda Marianas", fotografia de Filipe Ferreira
DESCRIÇÃO
Neste novo ciclo de vida dos festivais Gil Vicente, a pluralidade do mundo vai continuar a manifestar-se através do dispositivo teatral e interpelar-nos acerca de questões de fundo que organizam a nossa sociedade.
"A abrir esta edição de 2022, seguimos o lastro lançado na anterior: formas de imaginar o fim para desencadear outros começos. Seremos convidados a entrar num novo sistema mundial cuja relação e vivência com um determinado regime de poder será feita pela escolha através do voto a cada cinco anos. Tratado, A Constituição Universal é uma peça que arrisca uma nova ordem e uma imprevisível resposta do caos a essa nova configuração. Se por um lado a peça de Diogo Freitas parece ligar-se ao carácter universal da obra de Gil Vicente, já Massa Mãe de Sara Inês Gigante propõe o resgate das tradições matéria que tanto lhe era cara. Em palco surgirão questões relevantes: como nasce o conceito de Tradição? O que torna um hábito ou um costume, uma tradição? Qual o poder do tempo numa tradição? A partir do pensamento sobre a origem chegamos a Limbo. Peça da autoria e interpretação de Victor de Oliveira, criador moçambicano radicado em Paris e com anos de crescimento em Portugal, que questiona as disputas da memória coletiva e as experiências de crescer na indefinição, num eixo entre a autoficção e a ficção social. Esse lugar aparentemente desagradável (limbo) segue em especulação na segunda parte dos Festivais pelos auéééu, que trazem Jean-Luc Godard para cena, tendo como inspiração o seu filme de 1963,O Desprezo, para lançar a provocação: como se pode tornar estético, bonito e interessante um sentimento cuja natureza se rege pela falta de apreço ou consideração por alguém ou alguma coisa?
Talvez uma das possíveis respostas à pergunta acima formulada possa ser dada pelas duas peças que fecham esta edição, onde o poder da mulher responde de forma inteligente, firme e destemida ao contexto patriarcal e opressor. Another Rose de Sofia Santos Silva (obra vencedora da Bolsa Amélia Rey Colaço) projeta um diálogo entre a realidade oriental e ocidental a partir de um contexto particular, o Gulabi Gang, grupo fundado por mulheres como resposta à violência sistémica e discriminação generalizada de uma sociedade assente em práticas e costumes patriarcais que banalizam a violência sobre as mulheres. Sobre esse combate nunca fechado contra a violência e censura, surge o espetáculo Ainda Marianas, criação de Catarina Rôlo Salgueiro e Leonor Buescu a partir do livro As Novas Cartas Portuguesas de Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa. Uma obra essencial do feminismo, que em 2022 faz 50 anos. Os novos lugares que procuramos construir em sociedade também passam por um entendimento mais claro e contextualizado sobre o nosso passado."
LOCAIS, DATAS E HORÁRIOS DE APRESENTAÇÃO
2 a 11 de junho de 2022, Guimarães.
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Quinta 2 junho de 2022, 21h30
CCVF / Grande Auditório Francisca Abreu
Tratado, A Constituição Universal
Diogo Freitas
[Estreia]
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Sexta 3 junho de 2022, 21h30
CCVF / Pequeno Auditório
Sara Inês Gigante
[Estreia]
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Sábado 4 junho de 2022, 21h30
CIAJG / Black Box
Victor de Oliveira
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Quinta 9 junho de 2022, 21h30
CCVF / Grande Auditório Francisca Abreu (Palco)
auéééu
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Sexta 10 junho de 2022, 21h30
CCVF / Pequeno Auditório
Sofia Santos Silva
[Espetáculo vencedor da 4ª Bolsa Amélia Rey Colaço]
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Sábado 11 junho de 2022, 21h30
CIAJG / Black Box
Catarina Rôlo Salgueiro, Leonor Buescu / Os Possessos
INFORMAÇÕES SOBRE BILHETEIRA
Bilhetes à venda nos balcões do Centro Cultural Vila Flor, do Centro Internacional das Artes José de Guimarães, da Casa da Memória e da Loja Oficina.
Também disponíveis nas lojas Fnac, Worten e El Corte Inglés e online em oficina.bol.
MAIS INFORMAÇÕES
Caderno dos Festivais de Gil Vicente aqui.