“Recursos Naturais”, de Miguel Palma, inaugura a 14 de abril, Hangar – Centro de Investigação Artística, Lisboa

Artes visuais
“Recursos Naturais”, de Miguel Palma, inaugura a 14 de abril, Hangar – Centro de Investigação Artística, Lisboa

© Miguel Palma

“Esta nova mostra de Miguel Palma combina peças raramente vistas com uma instalação inédita, traçando uma leitura de um tema recorrente na obra do artista: as interacções da tecnoesfera humana com o meio natural, entre colonialismo e extractivismo, entre delírio e utopia. O título da exposição é, naturalmente, irónico. Aquilo a que comummente chamamos natureza – e que, hoje em dia, os cientistas preferem mais friamente apelidar de sistemas terrestres – já há algum tempo perdeu o seu carácter primevo. Sob o jugo da supremacia da espécie humana, transformada em mero cenário de uma época geológica designada como antropocénica, a Natureza sobra agora como um mero reservatório de recursos condenados a serem finitos. A partir de uma constante colonização de todo e qualquer território, chegámos aos efeitos nefastos da extracção, da poluição, do aquecimento global e da sexta extinção de massas. Num abrir e fechar de olhos – nada mais do que 400 anos face a uma imensa escala temporal – progredimos do equilíbrio dinâmico e circular de uma biosfera que durante milhões de anos transformou energia solar em vida, para um planeta em risco de colapso. 
Ao longo do último quarto de século, usando uma espécie de hipocondria como ferramenta artística, Miguel Palma foi transformando esta progressão do mundo numa narrativa conceptual consistente – da qual aqui se registam alguns vislumbres, amiúde marcados pela violência insidiosa das máquinas que perfuram, revolvem e constroem. Quando se fizer o registo retrospectivo de quem primeiro aderiu à última causa humana justificável, Palma será reconhecido como um pioneiro do fenómeno agora mediatizado e normalizado da eco-ansiedade. Mas como artista-sismógrafo que é, Miguel Palma também teima em não abandonar um optimismo genuíno e surreal, em que a técnica ainda permite indícios de um desfecho positivo. Assim, ele aponta também caminhos como os que são agora expressos na obra inédita desta mostra: a imaginação de uma utopia híbrida e excessiva, em que os recursos naturais se fundem com a construção humana num qualquer novo equilíbrio artificial. Se a água figurou sempre na obra de Palma como um último recurso utópico, aqui regressa como símbolo de um reencontro onírico com a mãe natureza”.


FICHA ARTÍSTICA

Artista: Miguel Palma
Curadoria: Pedro Gadanho 


LOCAIS, DATAS E HORÁRIOS 

Inauguração: 14 de abril de 2023
Horário: 18h
Hangar – Centro de Investigação Artística
Rua Damasceno Monteiro 12 (Graça), Lisboa


BILHETEIRA

Entrada gratuita


MAIS INFORMAÇÕES

hangar.com.pt


MIGUEL PALMA | BIOGRAFIA

Miguel Palma nasceu em 1964. Vive e trabalha em Santarém. 
Miguel Palma é um artista que se apropria das narrativas de uma modernidade em permanente questionamento para melhor refletir sobre o presente. O fascínio de Miguel Palma por ícones da modernidade clássica é evidente: o mundo da aviação, o automóvel, a arquitetura, a natureza (mais ou menos domesticada) e a tecnologia em geral. 
A curiosidade e o modo como articula diferentes horizontes do saber sublinham a capacidade de nos reinventarmos, dissimulando a inexorável lei maior, que é a da vitória do tempo sobre a finitude humana. 
Enquanto dispositivos potenciadores de um olhar crítico sobre o nosso passado recente e o nosso passado recente e o nosso presente, os enunciados de Miguel Palma confrontam-nos com as tensões vividas no frágil equilíbrio da nossa existência. 
Tal como liminarmente nos diz o Artista «Se o mundo fosse confortável, eu não fazia arte.»
Com uma atividade continuada por mais de três décadas, as suas obras transitam entre os mais diversos meios, como a escultura, o vídeo, a instalação, o desenho e a performance. 
Está representado em inúmeras coleções públicas e privadas, nacionais e internacionais tais como: Centre Pompidou (Paris, França); Coleção Berardo (Lisboa, Portugal); Culturgest (Lisboa, Portugal); MAAT (Lisboa, Portugal); FRAC Orléans (Orléans, França); FRAC-Artothèque Nouvelle Aquitaine (Limoges,França); Fundação de Serralves (Porto, Portugal); Fundação Calouste Gulbenkian (Lisboa, Portugal); MNAC (Lisboa, Portugal); Fundação ARCO (Madrid, Espanha); ASU Art Museum - Arizona State University Art Museum (Tempe, Arizona). 
Participou em diversas bienais, incluindo a - Prospect 1. (Nova Orleães, Louisiana) e 7th Liverpool Biennial (Liverpool, Reino Unido) 


PEDRO GADANHO | BIOGRAFIA

Pedro Gadanho é arquitecto, curador e autor. Loeb Fellow 2020 da Universidade de Harvard, detém um mestrado em arte e arquitetura e é doutorado em arquitetura e mass-media pela FAUP. De 2012 a 2016, foi o curador de arquitetura contemporânea no Museu de Arte Moderna, Nova Iorque. Entre 2015 e 2019, foi o director fundador do MAAT, Museu de Arte, Arquitectura e Tecnologia, em Lisboa, onde iniciou mais de cinquenta projectos, incluindo exposições e publicações como Utopia/Distopia, Tensão & Conflito e Eco- Visionários. Após a direcção executiva da candidatura de 17 municípios do interior português a Capital Europeia da Cultura 2027, é Professor Convidado na Universidade da Beira Interior. Gadanho editou o bookazine Beyond, o blog Shrapnel Contemporary e contribui regularmente para publicações a nível internacional. É o autor de Climax Change! How Architecture Must Transform in the Age of Ecological Emergency (ACTAR, 2022) e de Arquitetura em Público, recipiente do Prémio FAD de Pensamento e Crítica em 2012. 

 

 

 


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