PARAÍSO - jantar performativo, pela Lavrar o Mar, 29 setembro a 1 outubro, Moagem Saboia - Odemira

Cruzamento disciplinar
PARAÍSO - jantar performativo, pela Lavrar o Mar, 29 setembro a 1 outubro, Moagem Saboia - Odemira

@DR

Descrição:

“Paraíso” são três jantares que são também três espectáculos de dança, música e alimento. Alimento para o pensamento. Porque ansiamos que um mesmo público volte em cada noite para se alimentar de novo, estes três jantares na terra de Sabóia, serão únicos, sempre diferentes, mas ligados entre si. Será do seu conjunto que sairá a impressão de como vivemos em plena zona de torrencialidade.

São três noites atravessadas e envolvidas por uma só energia, o rio. O rio sempre a correr como elo de união que tudo liga e que avança sempre nas direcções do seu futuro próximo, o próximo espectáculo. Esse correr da água, vai mudando, vai transformando elementos que saltam de uma noite para outra, levando-os em cada jantar a outros fluxos e lugares.

Vamos dançar sempre, para oferecer a sensação de uma terra movediça que não se instala e não sossega. É o servir da refeição que traz o rio sempre à superfície, falar-se-á perto das pessoas e vai haver música, sons e canto que inundam o espaço de sentidos atravessados de contradição, mas também de mutualidade, de hospitalidade, simbiose e parceria. Estaremos todos em relação com o alimento, com o pensamento, com a acção e o som. Como se estivéssemos à mesa de uma grande mesa que não existe.

“Paraíso” é uma ideia de Madalena Victorino que surgiu a propósito da realização do colóquio “Águas Gémeas”, integrando assim a sua programação, assim como da “Noite das Ideias”, organizada pelo Institut Français du Portugal.

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​Ficha artística e técnica:
Uma ideia de Madalena Victorino CRIAÇÃO, DRAMATURGIA E COREOGRAFIA 
Música original Nuno Salvado 

Excertos de texto Afonso Cruz 
Em co-criação com Maria Ramos COREOGRAFIA, Ana Carvalho e Mariana Canha CRIAÇÃO DA NUTRIÇÃO DO PARAÍSONuno Salvado e Inês Pereira CRIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO MUSICAL, Carolina Sendim, Noy Yona, Pedro Matias DANÇA, Inderjeet Singh, Johannes Krieger, Sheila KamaydMÚSICOS, Sónia Barradas PALAVRA, Caetana Coutinho, Inês Coutinho, Janik Brück, Nana Brück, Paul Brück, Afonso Kamayd PARTICIPAÇÃO ESPECIAL, Grupo Etnográfico de Santa Clara-a-Velha: Adelina Maria, Adília Pereira, Alice Alves, António Perpéto, Armando Francisco, Conceição Dias, Dinas Silva, Idalina Abílio, Inácia Felicidade, José Nobre, José Simão Guerreiro, José Ventura, Manuel Duarte, Natércia Silva, Noémia Perpéto, Odália Gonçalves, sob a direcção de Odete Oliveira INTERPRETAÇÃO 
Direcção Técnica e Desenho de Luz Joaquim Madaíl  

Técnica Olivier Vincent  

Produção Lavrar o Mar  

Apoio à Produção Patrícia Santos e Manuel Cheta 
Apoios e Agradecimentos Câmara Municipal de Odemira, Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, Junta de Freguesia de Sabóia, Junta de Freguesia de Santa Clara-a-Velha, Casa do Povo de Santa Clara-a-Velha, Associação Transitória, Associação Clara, CACO – Associação de Artesão do Concelho de Odemira e CRIAR - Centro em Rede de Inovação do Artesanato Regional
 

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Locais, datas e horários de apresentação:
Moagem Sabóia, Santa Clara-a-Velha, Odemira, 29 de setembro a 01 de outubro 2023, 19h30

29 SET 2023
Primeiro jantar
LEVAR A ÂNCORA

O destino da água, é correr. Correr em gravidade. O mergulho da terra na água e a torrencialidade da água como resposta. E como será importante levar a nossa âncora connosco. Se fôssemos seres da água, trazíamos no peito um vazio em forma de peixe, onde mais nenhuma forma encaixasse, que mais nenhuma forma pudesse tapar.

Para que haja uma energia líquida no ar, o jantar será servido entre caldos e águas de múltiplas densidades que se movem entre o que não é solvente.

Quando a comida é pouca, há que comer devagar.

30 SET 2023
Segundo jantar
O PÃO DA VÉSPERA

“Quem perde a terra, perde a alma” (Bruno Latour).

O “Paraíso” neste segundo jantar são as hortas feitas pelos homens e mulheres que, com as suas mãos, trazem humidade e humanidade à terra árida. O rio pára e surge uma lagoa que parece um campo líquido não transparente acabado de arar. Energia térrea, dura e sólida que caminha, se partilha e ressalta para o regaço de cada um, ao longo do jantar.

Um jantar feito com o pão da véspera, como fonte profunda de criação de lamas, de pastas, de sopas. Um convite para trincar o duro devagar, para saborear as pedras que davam pão. As pedras como campos simbólicos da selva humana. As lutas surdas e as formas de vencer, sucumbir, reagir, resolver levar-nos-ão aos terreiros onde o amor se veste do avesso. O que temos feito? Desamar e desarmar a terra.

A noite não se deve confundir com o medo, mas com a comida.
Só o pão acabado de fazer, sabe a fome.

01 OUT 2023
Terceiro jantar
ÁGUAS TURVAS

Lavar as encostas, levar as encostas, encostar-se. Entrar em parceria e em associação não estável. Flutuar em função das circunstâncias. Fundir-se. Estar de costas. Parar, pairar, turvar, silenciar. Calar os pensamentos, as imagens, as maledicências, a superficialidade. As palavras serão como as partes do dia que turvam, surgem inacabadas, encobrem e revelam.

Deixar algo no prato, para declinar a gula, mostrar a contenção. O banquete que se consome. A beleza do transitório. Haverá mais pessoas e menos comida.

Fome, flores, dor, excessiva realidade. Das chuvas pluviais nascem mínimas plantas que salvam da ruína. Eis o contrário da guerra: regar e regar é uma vitória.
 

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Informações sobre bilheteira:
Bilhetes à venda em https://lavraromar.bol.pt
Bilhetes também à venda em Aljezur – Casa Lavrar o Mar – Rua João Dias Mendes, 46
Classificação etária:
M/12+

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Link para site:
https://www.lavraromar.pt