“Dança e Filosofia: Ética, Raízes e Horizontes do Presente Frágil”, Joana von Mayer Trindade & Hugo Calhim Cristóvão, 12 setembro, Porto

Dança
“Dança e Filosofia: Ética, Raízes e Horizontes do Presente Frágil”, Joana von Mayer Trindade & Hugo Calhim Cristóvão, 12 setembro, Porto

© Hugo Calhim Cristóvão

No próximo dia 12 de setembro, o Centro de Criação e investigação Nuisis Zobop, no Porto, acolhe a terceira conversa do Ciclo Temático Interartes e Interdisciplinas: Cinema I.

A entrada é livre.


Este ciclo propõe-se como um espaço de reflexão e experimentação artística, explorando o cruzamento entre diferentes linguagens e práticas numa procura ativa por diálogo entre a dança, a filosofia e outras formas de expressão. Neste terceiro encontro, será o Cinema/Documentário, território singular de observação, testemunho e interrogação da realidade.  Nesse sentido, o terceiro debate explorará a reescrita de narrativas socioculturais e de reflexões, convocando as linguagens visuais na arte e o poder comunicacional que delas emerge.

Através da criação em curso, convidamos à escuta e à partilha de ideias sobre o espaço como linguagem, território e memória, uma arquitetura do instante que se inscreve na fragilidade do presente.

Conjugando Dança e Filosofia, trabalhamos a fragilidade do que corre hoje o risco de desaparecer, o risco do (im)possível último movimento. O “Oriente ao Oriente do Oriente” (Pessoa) nas raízes e horizontes do presente frágil, a “metamorfose” de Herberto Hélder, o “Limiar” de Paul Celan, o “Ethos” da fragilidade do instante e do tempo em risco, a imposição da impermanência e a finitude no ato artístico empenhado e na filosofia comprometida (cf Benjamim, Levinas, Foucault, Kierkegaard, Arendt, Weil, Bordieu). Em resposta ao cerco crescente de genocídios, guerras, fascismos, ditaduras, desastre climático, massacrar do agora em violência e crise, náusea existencial, ansiedade e doença mental, angústia da liberdade a soçobrar, correntes invisíveis de exploração e exclusão, do lamento silencioso de ecossistemas destruídos, da transitoriedade isolada do urbano, da fragmentação da identidade em réplicas de espectro reduzido e rígido, procuramos a alternativa no erguer de momentos irrepetíveis, não canceláveis pelo medo, vibrando no presente frágil com rigor técnico e dramaturgia coerente no impermanente (Nishida, Escola Filosófica de Kyoto), agora. Mergulhamos na fragilidade constitutiva da temporalidade da dança como ato de resiliência e resistência, ser já dado (Heidegger), exponenciada como resposta necessária, metamorfoseando a urgência em teoria e prática, procurando a utilidade e o porquê do “ethos” artístico, a sua certeza íntima para um mundo agora prestes a desabar, imprevisível, cruel para os futuros.  Onde o presente, na sua dança de fragilidade em fragilidade, insinua medos e temores que devastam o humano, fascínios e sonhos e projeções que a esperança utópica abandonou, compaixão que urge em fuga pelo impermanente, pelo fracasso, pela perda, pelo que se assassina, subitamente, em ecos de violência e momentos de destruição de que a geopolítica dá testemunho. Confrontamos nas criações o conflito Instante-Eternidade, Permanência-Impermanência, Ethos-Pathos-Logos, na Dança Ocidental (cf improvisação, composição, partitura, a própria noção histórica de coreografia-notação-memória). Encarando Dança como metamorfose e presença frágil, convocamos ainda para o Projeto património Poético e Filosófico Português relevante: Eudoro de Souza (Temporalidade e Horizonte), H.Helder (Metamorfose e Poema Continuo), E.Lourenço (Presença e Eternidade), Al Berto (O Medo), Pessoa (Oriente(s), C.Pessanha (Clepsidra) e filosofia ocidental/oriental. Para que, de impermanência de acção a impermanência de acção, a resiliência não perca a sua via vibrante no presente frágil.

A criação de 2025, “Fuga Para O Tempo Presente – O Leve Poder Da Lua Apenas Queima Os Olhos” vê a Dança como ethos e impermanência (Nishida), vertigem no agora (Kierkegaard), finitude de entes precipitados (Heidegger), presença (E. Lourenço) frágil, metamorfose do momentâneo (H.Hélder), lâmina atenta (S.Weil) em que “A Faca Não Corta O Fogo” (H.Hélder) mas o fogo rasga tempos, acontecimento (Benjamim) irrepetível. Experiência mítica (E. de Souza), de dançar com delírio e rigor ético o íntimo sentir que é facto (Y.Rainier), de centrar  agora a “impressão digital para a eternidade” (Al Berto), contra o desaparecer do humano e do natural de que a geopolítica dá testemunho (Genocidio, Guerra, Fascismo, Desastre Climático, Exploração/Dominação, Tecnocracia/Vigilância), assassinando presentes, agindo o horror, exigindo respostas de alteridade (Levinas) contra ameaça/fim que com dança desbanalizem (Arendt) o mal presente, o nojo do monstruoso, artisticamente centradas no coração da Dança. Permitindo a rebelião dos outros em nós.

HCC & JvMT


FICHA ARTÍSTICA 

Direção, Coreografia, Dramaturgia e Formação Hugo Calhim Cristóvão & Joana von Mayer  Trindade
Bailarina Sara Miguelote
Desenho e Operação de Luz Luís Silva, Luís Ribeiro e Bárbara Falcão
Figurinos UN T
Cenografia UN T & NuIsIs ZoBoP
Música  Liszt Études d'exécution transcendente 
Desenho de Som João Oliveira & NuIsIs ZoBoP
Teoria e Filosofia Hugo Calhim Cristóvão, Joana von Mayer Trindade, Celeste Natário, Carlos Pimenta, Cláudia Marisa, Cristina Aguiar, Ezequiel Santos, Rui Lopo, Mário Correia, Nuno Matos Duarte, Chris Page, Afonso Becerra, Armando Nascimento Rosa, Luis Ramos, Pedro Fiuza, Nuno Meireles, Sofia Vilar Soares e Elter Manuel Carlos
Vídeo Os Fredericos | Fotografia Alípio Padilha e João Peixoto
Produção Executiva Cristina Aguiar, Sara Miguelote & NuIsIs ZoBoP
Apoio Instituto de Filosofia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Festival Escenas do Cambio e Fábrica da Criatividade, Castelo Branco
Residências Artísticas | Centro de Criação e Investigação Nuisis Zobop, Espaço Agra
Parcerias WOW Porto, Fundação Marques da Silva, Centro Português de Fotografia, Instituto de Sociologia da Universidade do Porto - FLUP, Escola do Superior de Educação do Porto, Escola Superior de Arte Dramática da Galiza, ESMAE-Escola Superior Música e Artes do Espetáculo do Porto, Universidade Lusófona do Porto, Forum Dança, Companhia Dançando com a Diferença, Junta de Freguesia do Bonfim, Casa Comum - Reitoria da UP e Espaço Agra.

A Nuisis Zobop é uma estrutura financiada por República Portuguesa - Cultura, Juventude e Desporto / Direção-Geral das Artes


LOCAIS, DATAS E HORÁRIOS 

12 de setembro de 2025, às 19h30
Centro de Criação e Investigação Nuisis Zobop
Espaço Agra (Sala Y), Porto


BILHETEIRA

Entrada livre


CLASSIFICAÇÃO ETÁRIA

M/6


MAIS INFORMAÇÕES

www.nuisiszobop.com