"A Tela Rasgada" de Joclécio Azevedo, 31 outubro e 1 novembro, Espaço Mira - Galerias, Porto

© João Octávio Peixoto
‘Juntos são Dinamite…’
Joclécio Azevedo & Pedro Tudela serão incriminados artisticamente por uma “Tela Rasgada”
É um antetítulo arriscado, este de ir resgatar o nome de um clássico dos filmes de ação dos idos anos 70 (e 80). Mas ainda que díspar na sua essência em relação tópico com o qual se pretende criar a analogia, há um significado para esta duplicidade. No caso concreto de “A Tela Rasgada” (nome completo da obra) o epíteto “Juntos são Dinamite” serve apenas para ilustrar a força e o resultado da química criativa entre o coreógrafo e bailarino Joclécio Azevedo e o músico e artista visual Pedro Tudela. O resultado desta “alquimia artística” pode ser visto nos próximos dias 31 de outubro, sexta, às 19h00, e também no dia 1 de novembro, sábado, às 18h00, no Espaço Mira – Galerias, na Rua Padre António Vieira nº 68.
“A Tela Rasgada” corresponde assim a uma espécie de segundo capítulo, uma segunda parte da trilogia iniciada em 2024 com a peça “Apesar das Evidências”. Este diálogo de criação deu origem a um dispositivo/instalação espacial e sonora habitada por uma coreografia. São dois objetos interdependentes que se cruzam no mesmo espaço comum. Para o efeito, os artistas apostaram numa fórmula iniciática cuja matriz foi a de uma dimensão onírica: “Partimos de estados de consciência, como o sonho, enquanto processos onde a linguagem se dissolve através de códigos visuais, de flutuações da experiência, da memória e do inconsciente” e, nesta incursão ‘quase psicanalítica’, que faria certamente as delícias de Freud e Jung, deixam uma quádrupla interrogação ao espectador: “A que outro modo de existência acedemos quando dormimos? O que resta das aspirações coletivas neste espaço individual? Será possível sonhar em conjunto? O que resta do corpo marcado pela história no sonho?” Perguntas que são um convite e às quais só terá possibilidade de uma demanda reflexiva todos os curiosos que se convertam em espectadores de “A Tela Rasgada” no próximo final de semana.
Depois de “O Público e a Multidão” em 2023, Joclécio Azevedo, traz-nos assim esta sua nova criação. E porque nela se levantam questões que se cruzam com o mote temático do fimp’25 e, que, ao mesmo tempo, o fazem transbordar (nas suas datas e) nos limites da arrumação disciplinar do programa. A dar corpo, alma e movimento ao projeto estará também uma dupla de bailarinos: Kosma Bresson e Thalia Agapaki.
O espetáculo é gratuito, com admissão de público limitada à lotação da sala.
O 36º Festival Internacional de Marionetas do Porto (fimp’25), que decorreu entre os dias 10 e 19 de outubro, propôs uma espécie de geografia do corpo, com coordenadas e eixos, com o movimento que se inscreve nessa dinâmica: “De dentro para fora, de fora para dentro, de trás para a frente e por aí adiante…” Esta proposição comete a ousadia tendencial do desafio de mapear o(s) corpo(s), mas mais do que ‘um exercício de cartografia anatómica’, vincula um conceito. Um conceito que não se confina somente ao corpo, mas às coisas e objetos e aos seus mistérios, à beleza ou ao carácter estranho que esses elementos integram. Nestas combinatórias encontramos também viagens no tempo, na história, em direção ao futuro.
A iniciativa, apoiada pela República Portuguesa - Cultura, Juventude e Desporto / Direção-Geral das Artes, congregou a participação de 25 companhias, 12 portuguesas e 13 estrangeiras oriundas de países como Austrália, Bélgica, Brasil, Filipinas, Líbano, Alemanha, Holanda, França, Escócia, Inglaterra, Espanha.
