Ciclo de Questões Práticas 2021

cruzamento disciplinar
Ciclo de Questões Práticas 2021
Programa Educativo da Circular

© DR

O ciclo “Questões práticas” configura-se em torno de encontros, conversas e performances que pretendem dar a conhecer práticas de investigação, escrita, performance, pensamento e transmissão de conhecimento. Cada encontro funciona como um exercício de ativação do imaginário social, poético e político dos participantes e dos convidados, procurando intersecções entre práticas artísticas e não artísticas. Organizado em torno de momentos separados no tempo, mas articulados entre si, este ciclo utiliza diferentes formatos de apresentação e protocolos de participação, promovendo o envolvimento e o cruzamento de públicos com interesses diversificados. A coordenação está a cargo de Joclécio Azevedo. É uma iniciativa no âmbito do Programa Educativo da Circular Associação Cultural.

Sinopse:
“Modos de produzir e ampliar discurso e fricções”
Marta Lança (editora do BUALA, programadora e investigadora independente)

Numa primeira parte farei uma breve incursão sobre programas que ilustram a ideia de "curadoria aberta". "Para nós, por nós: produção cultural africana e afrodiaspórica em debate" (2018), com Raquel Lima; "Terra Batida", com Rita Natálio: uma rede de arte e ciência sobre conflitos socioambientais (com residências de pesquisa e apresentações no Festival Alkantara); o ciclo "Sou esparça e a liquidez maciça: gestos de liberdade" (Maat, 2020) e o projecto "ReMapping Memories Lisboa-Hamburg, Lugares de Memória (Pós)coloniais" (Goethe Institut, 2021).Na segunda parte, desenvolvo alguns pontos sobre a plataforma BUALA, ativa desde 2010. Na vontade de expandir linguagens na produção de conhecimento, o BUALA articula o discurso académico com a vertente jornalística e artística (e as suas diversas interpretações e visualidades). Ferramenta de pesquisa, a acessibilidade e informalidade fazem parte da sua história e prática de trabalho. Almejamos a hospitalidade incondicional da proposta de Derrida, abrindo “as portas a cada um e a cada uma, a todo e a qualquer outro, a todo o recém-chegado, sem perguntas, mesmo sem identificação, de onde quer que viesse e fosse quem fosse”. Ao escolher a palavra BUALA (bwala em quimbundo e lingala, faladas em Angola e nos Congos), destacamos o sentido de aldeia, familiaridade e construção de uma comunidade. Uma comunidade com lugares de enunciação plurais: de artistas, investigadores, jornalistas; reflexão descentralizada e colocada em diálogo, numa relação permanente entre local e global.

Marta Lança nasceu em Lisboa em 1976. Doutoranda em Estudos Artísticos, com formação em Estudos Portugueses, Literatura Comparada e Edição de Texto na FCSH-UNL. Os temas de pesquisa passam pelo debate pós-colonial, programação cultural, processos de memorialização, plataformas de discurso e estudos africanos. Criou várias publicações culturais, sendo editora do site BUALA desde 2010. Escreve para publicações em Portugal, Angola e Brasil e traduziu do francês livros de Maxence Fermine, Jacques-Pierre Amettea, Asger Jorn e Achille Mbembe. Em Luanda, lecionou na Universidade Agostinho Neto e colaborou com a I Trienal de Luanda, e em Maputo trabalhou no festival de documentário Dockanema. Como programadora organizou projectos como o ciclo dedicado a Ruy Duarte de Carvalho Paisagens Efémeras (Lisboa, 2015), com Raquel Lima, o ciclo Para nós, por nós: produção cultural africana e afrodiaspórica em debate (2018); programou o ciclo Sou esparça e a liquidez maciça: gestos de liberdade (Maat, 2020) e, com Rita Natálio, o programa TERRA BATIDA: uma rede de arte e ciência sobre conflitos socioambientais (Festival Alkantara). Tem experiência em pesquisa e produção de cinema, sobretudo com a Terratreme filmes. Participou no grupo de consultores do Memorial às Pessoas Escravizadas (iniciativa da DJASS) e no grupo editorial do Glossário Afro-European Cartography of Culture, Language and Arts. É autora do livro infanto-juvenil Infinitas-pessoas-mais-uma (Tigre de papel, 2019), e coautora de FUTUROS CRIATIVOS Economia e Criatividade em Angola, Moçambique e Timor-Leste (Acep, 2019), organizou os livros Roça Língua (2015), Diálogos com Ruy Duarte de Carvalho (2018) e Este corpo que me habita (2014). Atualmente coordena o projecto "ReMapping Memories Lisboa-Hamburg, Lugares de Memória (Pós)coloniais", do Goethe Institut.

“Museu Pessoal” 
Gisela Casimiro (escritora, artista e activista)

Este trabalho parte do projecto contínuo de construção de um Museu Pessoal povoado de (re)interpretações de obras de arte. A intenção desde o início foi ser, fazer, pensar e (re)definir a presença do corpo negro na arte, independentemente do estatuto social ou económico de quem a cria e consome, e de essa arte poder vir ou não a ter outro público que não a sua criadora e curadora. Um corpo racializado coloca-se a si mesmo num lugar de destaque na criação e gestão da sua narrativa para, a partir dali, ser visto e ouvido no caminho para a decolonialidade. Um “Museu Pessoal” em permanente transmutação, que toma forma sempre que necessário, ocupando de igual modo a galeria, a rua, o espaço privado e imaterial.

Gisela Casimiro nasceu na Guiné-Bissau em 1984. É escritora, artista e activista. Publicou Erosão (poesia) e fez parte de antologias como Rio das Pérolas e Venceremos! Discursos escolhidos de Thomas Sankara. Nos últimos anos escreveu crónicas regularmente para o Hoje Macau, Buala e Contemporânea. A sua obra fotográfica “Museu Pessoal” fez parte de mostras colectivas organizadas pela DJASS e pela Associação Portuguesa de Antropologia (Museu Nacional de Etnologia). Realizou no Armário a exposição de poesia visual "O que perdi em estômago, ganhei em coração", sob curadoria de Ana Cristina Cachola. Fez ainda parte da exposição colectiva “Four Flags” (Taffimai/Galeria Zé dos Bois), com curadoria de Luiza Teixeira de Freitas e Natxo Checa. Seguiu-se “Fazer de Casa Labirinto” na Balcony Gallery. Integrou também a exposição “Retrospectiva Retroescavadora”, do colectivo Estrela Decadente, na Casa do Capitão. Dirige o departamento de Cultura do INMUNE - Instituto da Mulher Negra em Portugal.

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Local, data e horário:
19 de Junho, Sábado, 15:00
Teatro Municipal de Vila do Conde (Salão Nobre) [google maps]
[Acesso gratuito, inscrição prévia] 

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Informação sobre bilheteira
Acesso gratuito, inscrição prévia

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Contactos:
Circular – Associação Cultural 
Praça Luís de Camões, nº 9, 1ºandar
4480-719 Vila do Conde
info@circularfestival.com 
www.circularfestival.com 

 

 

 

 

 

 

 


Data de publicação: 15-06-2021