Reconhecendo a arte como uma forma especial de reparação, a 12ª Bienal de Berlim irá realizar-se de 11 de junho a 18 de setembro de 2022, desdobrando-se em várias abordagens, nomeadamente como conceber a descolonização da arte – da restituição de bens saqueados a uma cultura anticolonial da memória – e qual o papel que os movimentos feministas não-ocidentais podem desempenhar na reapropriação da História e da identidade.

Na edição deste ano, a escritora e crítica de arte Ana Teixeira Pinto foi convidada a integrar a equipa artística da Bienal, comissariada pelo curador Kader Attia, que convidou os artistas portugueses Mónica de Miranda, com o filme “Path to the Stars”, e João Polido Gomes, com o projeto musical “Sonic Repair”.

“Path to the Stars”, de Mónica Miranda, aludindo a um poema de Agostinho Neto, líder da luta anticolonial e primeiro presidente de Angola após a independência, é narrado por uma combatente, que, não só representa a presença feminina nos movimentos de independência, como reivindica a sua representação. O filme sugere uma alegoria cronopolítica, em que o modo como o passado vê o futuro condiciona a forma como o presente vê o passado.

“Sonic Repair”, de João Polido Gomes, aborda a história portuguesa recente e a forma como o Estado Novo 'distorceu' a tradição musical Portuguesa. A partir do Fado e do Cante Alentejano, tendo por base as pesquisas do musicólogo Rui Vieira Nery e gravações do etnógrafo Michel Giacometti e do compositor Fernando Lopes-Graça, são reconstruídas as raízes multiculturais destes géneros musicais.

A Direção-Geral das Artes apoia a participação portuguesa na 12.ª Bienal de Berlim mediante um acordo de cooperação internacional com o KW Institute for Contemporary Art, que veicula um apoio financeiro de € 25.000,00 (vinte e cinco mil euros).

Data de publicação: 01-04-2022