O CAAA inaugura 3 exposições com o apoio da DGARTES

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O CAAA inaugura 3 exposições com o apoio da DGARTES
Exposições

A Menos de 50km de Casa de Pedro Bastos

"A Menos de 50km de Casa", de Pedro Bastos, "Fábrica de histórias: Encontrar, Texere e Confabular 100 anos da Coelima" e "Longe 遥か", de Filipa Tojal são as 3 exposições que vão inaugurar este sábado, dia 7 de maio às 17h, no CAAA - Centro para os Assuntos da Arte e Arquitectura, em Guimarães. As exposições ficarão patentes até dia 18 de junho.
 


 

Descrição:

A Menos de 50km de Casa é um projecto cinematográfico em processo de desdobramento em curso. Nesta primeira fase de apresentação, serão expostos os primeiros 1973 metros de película 35mm filmados no mês de Dezembro de 2021, através do Vale do Ave, num raio de 50 quilómetros a partir da casa do autor.
Esta primeira exposição, marca o início deste projecto que irá desenvolver-se ao longo do tempo e não tem previsto o seu fim. É um processo de acumulação de imagens em movimento que se centra na região, à margem de uma narrativa linear. Estes primeiros 71 minutos aproximadamente de filme a cores, foram transferidos para video digital, suporte em que serão exibidos nesta primeira fase, estando previsto futuramente uma projecção em cópia analógica de 35mm. Optou-se então por uma instalação de video de 5 canais, entre projecção e monitores. Não havendo uma narrativa linear, não havia portanto, uma lógica de montagem cinematográfica linear. Logo, esta mostra desdobra-se e expande-se pelo espaço expositivo. Este espaço é o próprio atelier do artista que ocupa parte de uma antiga fábrica de têxteis da região e que, por sua vez, se transforma em galeria efémera.
O método de trabalho adoptado para a realização desta instalação, é semelhante a uma repérage de uma produção cinematográfica. Ou seja, as filmagens foram realizadas à medida que se achavam os locais, através de uma deambulação aparentemente aleatória pelo vale. Toda a obra é um diário de uma experiência vivida. As dificuldades encontradas durante todo o processo coabitam com a sua idealização e materialização; fazem parte e não foram excluídas. Tendo em conta o equipamento escolhido — Câmara Konvas (1967, URSS) de 35mm com magazines de 60 metros —, só seriam possíveis planos com a duração máxima de 2 minutos. Estipulou-se então para cada magazine (60m = 2’), 2 planos de 1’ cada. Sendo que a quantidade de filme era de 1973 metros, daria portanto para 33 magazines, o que permitiria a totalidade máxima de 66 planos de 1 minuto cada. Contudo, o resultado final é sensivelmente diferente, pois à medida que se foi filmando, optou-se em certos casos, por planos de 2 minutos.
A heterogeneidade das imagens é resultante das características idiossincráticas da região do Vale do Ave, onde numa aparente desorganização, dialogam zonas rurais com zonas fabris, intercaladas com centros urbanos e espaços da natureza. A paisagem é uma acumulação diversificada de montes com igrejas e capelas para culto religioso, viadutos que cruzam eucaliptais e rios que vão desenhando e delimitando os lugares. O que se fez é, em certa medida, uma emulação provocada pelo Vale do Ave — a sua planificação geográfica fragmentada levou a uma acção despistada ou desorientada pelo território, resultando num filme-mosaico. A continuação deste projecto compreenderá a publicação do diário de rodagem e de textos escritos posteriormente, onde refletir-se-á sobre o processo de criação em simultâneo com as narrativas e ficções encontradas neste preâmbulo cinematográfico.

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Ficha artística e técnica:
Pedro Bastos – Artista plástico
Maria Luís Neiva – Programação e Produção
Diogo Costa - Montagem
 


Descrição:

A exposição ‘Fábrica de histórias: Encontrar, Texere e Confabular 100 anos da Coelima’ surge a partir de uma investigação de doutoramento em arquitetura, prática e interdisciplinar, realizada na Bartlett School of Architecture – University College London pelo arquiteto, artista e investigador Fernando P. Ferreira, ao longo dos últimos três anos. Esta exposição propõe uma reflexão sobre as capacidades poéticas e éticas de práticas narrativas, têxteis e performativas site-specific enquanto metodologias que poderão informar e auxiliar o arquiteto a aproximar-se, mediar e reimaginar criticamente o futuro de fábricas têxteis na região do Vale do Ave, que, embora ativas, sofrem processos complexos de transformação socioespacial. A exposição apresenta uma dessas fábricas: o complexo industrial têxtil da Coelima, localizado em Pevidém, nos arredores de Guimarães e que celebra hoje, em 2022, 100 anos de existência.

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Ficha artística e técnica:
Fernando P. Ferreira – Projecto
Francisco Costa – Curadoria e projecto expositivo
 


Descrição:

O termo japonês (遥か: longe) denota uma distância que não é meramente física, mas também temporal; memórias de tempos e lugares há muito perdidos. Durante os quatro anos em que esteve no Japão, Filipa Tojal procurou o desconhecido e o indefinido, guiada pelo desejo de se distanciar do seu lugar de origem. A sua jornada pessoal começou com uma sincera apreciação do universo pictórico da pintura, antes de gradualmente se transformar em um percurso poético e meditativo, movida pela curiosidade e um profundo sentido de sensibilidade cultural. Usando principalmente técnicas tradicionais, ela explorou conceitos como o imperfeito, incompleto e o impermanente, que estão inextricavelmente ligados à cultura e natureza das ilhas japonesas. 

As obras nesta exposição compreendem uma variedade de pinturas sobre papel e tecido, bem como objetos que Filipa foi colecionando durante as suas viagens, como livros japoneses e pedaços de tatami, reverberando ainda os ecos da vida quotidiana da qual outrora fizeram parte. Esses objetos são apropriados, transformados, pintados e dispostos intuitivamente no chão, paredes e plintos. Atuam como interlocutores das pinturas e como intermediários, convidando o observador a divagar e a vaguear, talvez a refletir sobre os ciclos sazonais da natureza. Os pequenos detalhes e meandros dão continuidade a esse diálogo: as superfícies tecidas, os gestos das pinceladas e os agregados naturais que aparecem discretamente com os pigmentos. Os tons ecoam a terra húmida, as folhas novas e a bruma pálida, a luminosidade dos verdes e esmeraldas vibrantes, antes de se tornarem tons ocre da terra e do castanho dourado do tatami. Uma paisagem cromática que está em lenta transformação, à medida que os seus materiais naturais gradualmente envelhecem e envolvem, levando consigo os murmúrios e as sensibilidades das montanhas.

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Ficha artística e técnica:
Filipa Tojal – Artista plástica
Ana Paisano – Curadora
Maria Luís Neiva – Programação e Produção
Diogo Costa - Montagem
 

 


 

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Acessibilidade: Acesso a pessoas com mobilidade condicionada a todas as exposições

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Link para site:
www.centroaaa.org

 

 

 


Data de publicação: 04-05-2022