Viagem a Portugal parte de um amplo projecto de investigação sobre Portugal, no contexto do trabalho artístico do Teatro do Vestido, alicerçado sobre metodologias da etnografia e da história oral, e será o espetáculo de abertura da edição de 2022 do Festival Mirada – Festival Ibero Americano de Artes Cénicas, em Santos, no Brasil, que este ano homenageia Portugal (programa disponível aqui).
Sinopse:
Viagem a Portugal
quando o teatro encontra de frente a literatura.
quando o teatro se faz em forma de pergunta, por exemplo, para onde vamos e para onde
vai isto tudo,
e se haverá um de onde vimos (outra pergunta).
quando o teatro é um lugar permanente mais do que um projecto pontual, e por isso
Viagem a Portugal é um título que já nos albergou tantos projectos,
e, no entanto,
esta Viagem a Portugal, é especial
foi pensada como súmula.
e isto conclui um prólogo em forma de assim.
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No início (Outubro de 2019), um de nós encontrou um saco cheio de peças Lego, a caminho do ensaio, e simplesmente tínhamos que explorar aquilo.
No início, havia um livro de José Saramago, Viagem a Portugal, e nós gostávamos do título, mas não queríamos representar o livro mas somente apropriarmo-nos do título e de uma ou duas frases sobre quem toma conta da nossa casa quando vamos de viagem.
No início, havia a ideia de uma viagem sem fim tal como está descrita no enigmático e sempre jovem conto “A Viagem”, de Sophia de Mello Breyner.
No meio, morreram-nos algumas pessoas.
Morreu o José Mário Branco, era dia de ensaio e só conseguíamos pensar e falar nisso.
Depois, veio a pandemia e veio o que vem depois de uma pandemia que é termos a ilusão de que algo vai mudar quando pouco muda porque para alguma coisa mudar realmente não pode vir só de fora,
é de dentro que tem que vir e sabemos bem como as coisas são, demoradas.
Depois, de cada vez que retornamos a este projecto, mais ele se parece com aquilo que desejávamos que fosse: uma súmula do nosso trabalho-forma de olhar para o país onde nascemos e que habitamos, “a fazer tantas perguntas na volta das respostas que trazíamos” (estamos a citar José Mário Branco).
Apresentar, por isso, esta Viagem a Portugal no Festival Mirada, é significativo para além das palavras que o poderiam quantificar.
Diremos ainda isto:
bem-vindos à nossa dramaturgia em camadas, à nossa poesia, às nossas homenagens – a Saramago, a Sophia, a José Mário Branco, que nos morreu tão de repente, às pessoas que nos contaram as suas histórias, às pessoas-protagonistas de todas as histórias que nos constituem e que nos trazem até aqui. Bem-vindos à nossa confusão, à nossa interpretação, à nossa leitura das coisas; bem-vindos às nossas dúvidas, às nossas ausências, ao que nos falta saber, ao que não nos foi explicado e que tivemos que tentar perceber de uma maneira muito nossa. Na margem, de certa maneira, a olhar o centro das coisas e a pensar – e como é que se fala disto tudo?
Esta viagem não foi pensada como manifesto, mas como pergunta e a única coisa que sabemos de cor é o texto e um conjunto de marcações.
O resto, construímos juntos.
Joana Craveiro
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Ficha artística e técnica:
Texto e direcção Joana Craveiro
Co-criação e interpretação Estêvão Antunes, Simon Frankel, Tânia Guerreiro e Mafalda Pereira
Vídeo e imagens (originais, reproduções, slides) João Paulo Serafim
Cenografia Carla Martínez
Figurinos Tânia Guerreiro
Música original (composição e interpretação) Francisco Madureira
Assistência, manipulação de documentos, vídeo em tempo real Mafalda Pereira
Desenho de luz Cristóvão Cunha
Coordenação técnica Leocádia Silva
Operação de luz Rodrigo Lourenço
Técnico Vídeo João Pedro Leitão
Direcção de produção Alaíde Costa
Apoio FX Road Lights, Fundação Calouste Gulbenkian
Co-produção Teatro do Vestido e Teatro Viriato
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Locais, datas e horários de apresentação:
SESC Santos, Rua Conselheiro Ribas 136 – Aparecida, Santos Brasil
9 Setembro 2022 – 19h30
10 Setembro 2022 – 20h30
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Informações sobre bilheteira:
https://mirada.sescsp.org.br/servicos/
M/12
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Link para sites:
https://mirada.sescsp.org.br/
O TEATRO DO VESTIDO é apoiado pela DGARTES.