Sob quatro folhas brancas quadradas, como elementos preambulares, separadas por uma pequena margem, repousam objetos e materiais encontrados em caminhadas por ruas e praias, bem como na exploração de casas e fábricas abandonadas pela cidade de Vila Nova de Gaia. A seleção desses objetos é resultado de processos intuitivos e de uma escuta não materializada nem idealizada. Importa, de certa forma, o encanto e, tal como o próprio título sugere, o mistério que cada objeto carrega, tornando-o singular.
A configuração que se edifica sob e nas folhas surge de práticas experimentais. Não corresponde a pontos de partida específicos, mas sim mergulha no desconhecido e na abertura de uma miríade de narrativas subjetivas que podem e objetivam envolver a atenção tanto do performer como de quem vê. As perguntas sobre o que pode ser e sobre o que é são mais vitais do que qualquer resposta definitiva e fixa. Mantém-se a pergunta como enigma, e mergulhamos no abismo da não resposta.
Em "Composição | arar o solo com derivas e mistérios" o gesto é força frágil, a respiração é uma continuidade, e o corpo é uma presença construtora e compositora. No final, temos uma composição de fragmentos que outrora foram esquecidos e que agora, aqui, são lembrados e homenageados. Pois, embora nem tudo importe, por vezes, quase tudo importa quando quase nada parece ter importância.
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Ficha artística e técnica:
Direção Artística Companhia de Dança Arte Total: Cristina Mendanha
Produção: Carolina Vieira e Gabriela barros
Criador e Interprete: Flávio Rodrigues
Fotografia: André Ralha
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Local, datas e horários:
Arte Total, Mercado Cultural do Carandá, Braga
Estúdio 1
27 a 31 maio – Residência Artística
31 de maio | 19h – apresentação
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Informações sobre bilheteira:
Entrada Gratuita
m/6
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Link para site:
www.artetotal.pt