Terminou este domingo, dia 24 de novembro de 2024, a representação oficial portuguesa na 60.ª Exposição Internacional de Arte Bienal de Veneza com o projeto coletivo Greenhouse, de Mónica de Miranda, Sónia Vaz Borges e Vânia Gala. O projeto desafiou lógicas instituídas de produção e representação artísticas, que tantas vezes reproduzem relações abissais entre curadores/artistas, criadores/críticos, arte/academia. Desafiou também noções monolíticas de identidade, cultura, nação e pertença, ao conceptualizar uma alternativa de construção identitária que coloca no seu centro as intersecções entre ecologia, arte e política trazendo discussões internacionais para um pavilhão nacional.
O “jardim crioulo”, criado a partir da plantação diversificada, acolheu, durante estes sete meses de exposição, uma instalação sonora, esculturas, dança/performance, workshops, leituras e eventos participativos. Greenhouse definiu-se a partir de quatro ações: Jardim (Instalação, Espaço, Tempo); Arquivo Vivo (Som, Movimento, Performance), Escola (Educação, História, Revolução); Assembleias (Público, Comunidades e um espaço discursivo de libertação e múltiplas possibilidades). O programa público reuniu curadores, artistas e investigadores convidados de Angola, Estados Unidos, República do Benim, Brasil, Cabo Verde, Chile, França, Nigéria e Arábia Saudita, fomentando o pensamento crítico através da participação e interação coletiva.
Profissionais da área, estudantes e investigadores, famílias e público em geral, vindos de todo o mundo, compõem o conjunto de 83 mil e oitocentos visitantes que visitaram a Exposição em Veneza. Para além desta notável e histórica afluência foram também muitos os testemunhos deixados sobre o projeto que foi concebido pela primeira vez por três mulheres artistas, com base nas suas diferentes formações – artes visuais, história e coreografia.
O catálogo do projeto foi lançado a semana passada, no Palazzo Franchetti, em Veneza. A partir da arte e das ideias que estão no cerne do pensamento descolonial, tal como incutido pelo líder da luta de libertação na Guiné-Bissau e em Cabo Verde, Amílcar Cabral, a publicação reúne narrativas históricas de libertações em curso e analisa as práticas descoloniais contemporâneas e a imaginação de futuros possíveis no contexto do Antropoceno e das lutas contínuas contra o racismo estrutural. A publicação vai ainda ter um momento de lançamento em Portugal, nomeadamente no Batalha Centro de Cinema, no Porto, no dia 10 de dezembro. A edição é da Skira.
Sob o tema “Estrangeiros por toda a parte”, com curadoria de Adriano Pedrosa, a 60.ª Bienal de Arte de Veneza dedicada à arte contemporânea abriu ao público a 20 de abril e encerrou este domingo, registando um recorde de 700 mil visitantes, apenas ultrapassável pelo ano de 2022, com 800 mil visitantes. A maioria dos visitantes, 59%, foram estrangeiros, e os restantes, 41%, italianos. Cerca de um terço do total de visitantes foram jovens com menos de 26 anos.
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Pode continuar a acompanhar a circulação nacional e internacional do projeto aqui:
→ https://greenhouse2024.com/
→ https://www.instagram.com/greenhouse_2024/
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Pavilhão de Portugal na Bienal de Artes de Veneza
Organização e comissariado: Ministério da Cultura de Portugal - Direção-Geral das Artes
20 abril _ 24 novembro 2024 :: VENEZA
Data de publicação: 25-11-2024