Projeto RedSkyFalls, de Alexandre Estrela, vai representar Portugal na 61.ª Exposição Internacional de Arte – La Biennale di Venezia

Bienal de Veneza
Projeto RedSkyFalls, de Alexandre Estrela, vai representar Portugal na 61.ª Exposição Internacional de Arte – La Biennale di Venezia

 © Bienal de Veneza

A Direção-Geral das Artes comunicou hoje a decisão final aos curadores convidados para apresentar um projeto curatorial e expositivo que irá representar oficialmente Portugal na 61.ª Exposição Internacional de Arte – La Biennale di Venezia em 2026.

Foi selecionado o projeto artístico RedSkyFalls, do artista plástico Alexandre Estrela, com curadoria de Ana Baliza e Ricardo Nicolau. RedSkyFalls é um sistema cibernético que reage em tempo real à atividade sísmica planetária, convertendo-o em imagem e som. A obra revisita anomalias naturais e seres que anteveem instabilidades geológicas, como o peixe-gato Namazu no mito japonês; e traça um paralelo entre a falha que o terramoto de 1755 abriu no pensamento ocidental — dando força à ciência em detrimento da religião — e a erosão contemporânea da confiança na ciência e a crença cega na tecnologia, que abrem espaço a novos mitos obscurantistas. Num céu vermelho, leem-se presságios de desastres naturais, mas também explosões, testes nucleares e perfurações industriais — a assinatura da violência humana inscrita na crosta do planeta. Em vez de ilustrar catástrofes, RedSkyFalls atua como amplificador de empatia, deslocando o olhar da grande narrativa para sinais mínimos e vibrações quase impercetíveis, propondo uma “ciência das singularidades” e uma simpatia pelos pequenos seres, naturais e artificiais — que, regidos por leis de interdependência e cooperação, sobrevivem contra a corrente.  
Para Veneza, RedSkyFalls será reactivada através de dados obtidos a partir de fontes congéneres europeias, ganhando uma nova função como motor das pecas-satelite espalhadas pelo espaço expositivo. A instalação transformará o pavilhão numa máquina ressonante das convulsões tectónicas, síncrona com eventos geofísicos distantes, que posicionam o visitante numa ecologia global.

Para este concurso limitado, com um montante financeiro global disponível de 425.000,00€, foram convidadas três equipas a apresentar uma proposta, nos termos do Aviso n.º 18915/2025/2, de 29/07/2025: RedSkyFalls, de Alexandre Estrela; Universo de Soluções, de Mikhail Karikis e Truvadores, de Pedro Barateiro. A comissão de apreciação foi constituída pelos especialistas Andreia Magalhães, Joaquim Moreno, José Bragança de Miranda e Nuno Faria.

A Representação Oficial Portuguesa, comissariada pela Direção-Geral das Artes, ficará patente no Fondaco Marcello entre 9 de maio e 22 de novembro de 2026.
 


SOBRE O TEMA DA BIENAL

In Minor Keys (Em Tons Menores, em tradução livre) é o tema da 61.ª Exposição Internacional de Arte da Bienal de Veneza, proposto pela curadora camaronesa-suíça Koyo Kouoh. Segundo Kouoh "As tonalidades menores recusam o bombardeamento orquestral e as marchas militares a passo de ganso, ganhando vida nos tons calmos, nas frequências mais baixas, nos zumbidos, nas consolações da poesia". A curadora imaginou "um arquipélago de oásis: jardins, pátios, complexos, pistas de dança, os outros mundos que os artistas criam, universos íntimos e de convívio que refrescam e sustentam mesmo em tempos terríveis, na verdade, especialmente em tempos terríveis". De acordo com a equipa, a curadora-geral criou uma constelação de práticas artísticas que ressoam em registos mais silenciosos desafiantes das narrativas dominantes através de uma poética "mais sensorial e menos didáctica" dirigida aos visitantes


DECISÃO FINAL

→ Ata 3 
→ Anexo II

 

 

 


Data de publicação: 12.12.2025