15 de outubro "Lab Reflexivo:Criação Artística Contemporânea - Identidades Poliédricas", Quarteto Contratempus em parceria com Instituto de Sociologia da U. Porto

Música
15 de outubro "Lab Reflexivo:Criação Artística Contemporânea - Identidades Poliédricas", Quarteto Contratempus em parceria com Instituto de Sociologia da U. Porto

Grafismo: Esgar Acelerado

"Era uma vez um pintor que tinha um aquário com um peixe vermelho. Vivia o peixe tranquilamente acompanhado pela sua cor vermelha até que principiou a tornar-se negro a partir de dentro, um nó preto atrás da cor encarnada. O nó desenvolvia-se alastrando e tomando conta de todo o peixe. Por fora do aquário o pintor assistia surpreendido ao aparecimento do novo peixe. O problema do artista era que, obrigado a interromper o quadro onde estava a chegar o vermelho do peixe, não sabia que fazer da cor preta que ele agora lhe ensinava. Herberto Hélder (2009) - Teoria das Cores. Os passos em volta."

"Este Lab Reflexivo, intitulado “Criação Artística Contemporânea: Identidades Poliédricas” foi concebido como sendo um espaço de discussão plural em torno das diferentes cores, matizes, identidades, processos, formas, conteúdos e atores que envolvem a criação artística contemporânea. Partilhamos da perspetiva de Tia DeNora (2003) na medida em que esta autora avança com a noção de ‘música em ação’ (music in action), ou seja, vê a música como uma forma de prática social e não como um mero reflexo da estrutura social. Se nos situarmos na ideia de ‘génio’ ou de ‘grandeza musical’, podemos perceber como está carregada de conotações sociopolíticas; ou seja, demonstra bem como a hierarquia de trabalhos e produtores musicais servem para a diferenciação e a exclusão.

Ao considerarmos a importância da música nas suas expressões diversas não hierarquizadas – desde as mais arreigadas à popular music até às mais eruditas - como poderosas formas de expressão das emoções, estamos também a associá-las a formas de expressão partilhadas por uma comunidade e de coesão social, integrando-as em grupos e promovendo a cooperação. Partimos do pressuposto de que o valor destas artes é determinado pela sua função e pelo modo como preenchem determinadas necessidades e cumprem funções específicas, podendo ser uma matriz de moldagem de novas subjetividades. E isso é particularmente relevante para os grupos estigmatizados, para os “outros” – esses diferentes, com outra cor de pele, com outra religião, com outra etnia, com outra cultura.

É aqui que se situa a arte inclusiva. Na ligação das obras culturais à praxis, a inclusão social reflete uma aproximação dinâmica (proactiva) ao bem-estar, implicando muito mais do que quebrar barreiras, pois requer investimentos para potenciar e desenhar condições para a inclusão, num esforço holístico por parte dos atores sociais e sociedades. É de sublinhar que a narrativa da inclusão social reedifica a cultura na charneira da integração social. Na transição do século XX para o século XXI, todos os produtos e serviços que combinam uma dimensão cultural com o seu aspeto utilitário são reconhecidos como geradores de valor acrescentado e motores de desenvolvimento. A utilização das práticas/obras culturais tem efeitos diretos e indiretos em termos de integração social pois contribuem de forma positiva para o seu bem-estar psicológico e social e aumentam a sensibilidade criativa e empreendedora, dando razão e consistência a uma memória coletiva da comunidade servindo como reservatório de ideias criativas e intelectuais para as gerações futuras.  

Objetivos:
Esta conversa contará com a participação de Selma Uamusse (cantora), Helena Lima (Orquestra Geração) e Jorge Prendas (coordenador do Serviço Educativo da Casa da Música), será moderada pela Professora Paula Guerra (Instituto de Sociologia) e terá como seguintes os principais objetivos: 
- Perceber qual o papel da música (Rap, Hip Hop, Kuduro, entre outras categorias musicais) na integração social, cultural e artística de afrodescendentes;
- Questionar se a chamada "Música Erudita" poderá ter também um papel de relevo neste domínio;
- Conhecer casos práticos de projetos que envolvam este trabalho de inclusão nas artes, junto da comunidade.  "

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Locais, datas e horários de apresentação:
Casa Allen - Casa das Artes, Porto
15 outubro | 18h
Entrada livre

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Contactos da entidade promotora:
Quarteto Contratempus
93 504 29 93
​quartetocontratempus.producao@gmail.com
http://www.quartetocontratempus.com/