Temporada “Nova Música” da Orquestra Portuguesa de Guitarras e Bandolins, 11 maio [próximo concerto], Oliveira do Bairro

"É caso para dizer: “E aí vão quatro!”, quase se poderia proferir esta asserção, mas só ai por volta das 17h15 (final do concerto) do próximo domingo, dia 11 de maio, é que tal expressão poderá ser proferida com total propriedade. O projeto em “marcha”, que tem vindo a dar a conhecer, desde o início do ano, o trabalho de diferentes compositores portugueses mais jovens cujas criações se destinam à interpretação por parte da OPGB – Orquestra Portuguesa de Guitarras e Bandolins, intitula-se por “Nova Música – temporada de 5 novas obras em 5 concertos.
Na quarta aposta musical da OPGB oferecem-se “FIOS”... às Cordas (e não só)!
Deste modo, a proposta “FIOS” que se traduz na obra composta por Hugo Vasco Reis para a temporada “Nova Música” é o resultado da encomenda da Orquestra Portuguesa de Guitarras e Bandolins, que se irá apresentar reforçada no concerto do próximo domingo, dia 11 de maio, às 16h00, no Quartel das Artes, em Oliveira do Bairro, com um quarteto de madeiras, percussão, acordeão e contrabaixo, como parte do apoio da DG Artes, Ministério da Cultura de Portugal.
O título da referida criação, “FIOS”, que será apresentada em estreia mundial, inspira-se nos fios utilizados no artesanato de teares. Refere-se também à memória sonora que estes artefactos testemunham: afinal produziram sons e ruídos, e, tal como defende o compositor: “Agora, devido à mecanização, são fragmentos de silêncio e memória em extensão.”
Para a conceção da obra, o autor realizou algumas pesquisas e fez um registo através de uma gravação de campo em Oleiros, num antigo espaço dedicado ao artesanato de teares. Foi com recurso à colaboração de uma antiga trabalhadora naquele local e que se ofereceu para uma demonstração real do labor operado durante cerca de uma hora, que Hugo Vasco Reis documentou as sonoridades típicas de um tear em funcionamento. Para além de constituir uma ferramenta e base do trabalho criativo de composição, o músico foi mais longe no alcance desta operação e deu um contributo para a preservação de um património, que não é apenas o da dimensão sonora.
Hugo Vasco Reis tem uma carreira afirmada (ver CV em anexo) e vive entre Zurique e o Porto. O percurso deste compositor e investigador é marcado pelas opções no domínio da música acústica e electroacústica, bem como pelas instalações sonoras, realizando colaborações com músicos e artistas visuais, que apresentam regularmente as suas obras por toda a Europa.
O reportório do referido concerto estende-se naturalmente para lá da obra em epígrafe e acrescenta ao ‘menu musical’: a “Suite Española No. 1, Op. 47” - Isaac Albéniz (1860 – 1909), com arranjos de André Ramos - 1. Granada 3. Sevilha 5. Asturias; segue-se “La Vida Breve (Danza Española No. 1)” - Manuel de Falla (1876 -1946), com arranjos de André Ramos; a “Suite Mexicana” - Eduardo Angulo (1954) -1. Jarabe Colimeño 2. Serenata 3. Huapango Criollo 4. Vals 5. Polka; soma-se ainda ao programa “Folias e Polifonias” - Fernando C. Lapa (1950) - 3. Vira (Vila Verde – Minho) 4. Fandango (Ponte de Lima (Minho) 7. Corridinho I: Alma Algarvia (José Ferreiro – Algarve) 8. Corridinho II (Salir / Loulé – Algarve) e ainda “La boda de Luis Alonso” - Gerónimo Giménez (1854 – 1923), com arranjos de André Ramos, Allegretto | Allegro mosso com brio.
O coletivo de músicos em palco será dirigido pelo maestro convidado Augusto Pacheco, também ele possuidor de um vasto curriculum (que pode ser visto nos docs em anexo) nomeadamente enquanto instrumentista: intérprete da denominada guitarra clássica e músico multi-premiado internacionalmente.
Importa ainda fazer uma retrospetiva do que a Orquestra Portuguesa de Guitarras e Bandolins encetou no início de 2025 um périplo pelas regiões do Norte e Centro do país através do qual democratizou essas criações junto do público de diferentes geografias e versando ao vivo essas mesmas obras originais, feitas exclusivamente para o projeto da OPGB: tudo começou com uma criação denominada “Teoria das Cordas” (“String Theory”, no original), tantas vezes evocada no domínio da ciência, da literatura e da filosofia e a duplicidade do significado foi desta vez assumida pela compositora Ângela da Ponte para os domínios de outras cordas e para o universo da música de plectro. A obra foi apresentada no Teatro Ribeiro da Conceição, a 9 de fevereiro, em Lamego.
Num momento posterior, a OPGB optou por dar a conhecer “Salema”, de Fátima Fonte, a peça que, apesar de possuir o nome de uma localidade piscatória algarvia, é marcada pelas influências sonoras de outras geografias melódicas, nomeadamente das provenientes da Ásia (há algum Japão a vaguear pelas notas), que o Teatro Helena Sá e Costa, no Porto, pôde apreciar no passado dia 23 de março.
A terceira aposta traduziu-se na interpretação da obra composta pelo instrumentista Pedro Henriques da Silva. Este criador musical ofereceu aos espectadores a obra PANGÆA, que implicou a vinda do músico português (e da sua guitarra portuguesa) ao nosso território. Ele que há muito vive e a trabalha em Nova Iorque, onde leciona na universidade. O Cineteatro António Lamoso, em Santa Maria da Feira, acolheu no passado dia 12 de abril o concerto em que o compositor também interpretou a obra com a orquestra enquanto solista.
Os próximo concertos da temporada “Nova Música” terão lugar em Estarreja a 21 de setembro e Gondomar (data a definir em outubro e /ou novembro) serão as outras coordenadas contempladas no projeto.
O bilhete para o concerto de dia 11 de maio, domingo, às 16h00, no Quartel das Artes, em Oliveira do Bairro, tem o custo simbólico de 3 euros.
Importa salientar que a Orquestra de Guitarras e Bandolins, fruto da sua aposta na versatilidade e ecletismo musical, tanto aposta em tocar com músicos associados ao género Fado ou à Pop Nacional, como são os casos de Cuca Roseta e Tiago Nacarato, ou até à World Music de Hamilton de Holanda, como de igual modo convocar os compositores mais eruditos para o seu repertório".
Este projeto conta com o apoio da República Portuguesa - Cultura / Direção-Geral das Artes e da Antena 2.