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Public Without Rhetoric 
Por Nuno Brandão Costa e Sérgio Mah
Curadores

Em coincidência com a crise económica, nos últimos dez anos verificou-se um cisma contra a obra pública, vista pelas orientações neoliberais que guiaram a Europa Ocidental nos tempos recentes, como um mal e uma deriva despesista acessória e nefasta. A obra pública, nomeadamente a construção de equipamentos culturais, educativos, desportivos e de infraestruturas, inscreve-se numa ideia de evolução civilizacional e de progressividade na equivalência de oportunidades sociais. Simultaneamente reconstrói e reabilita a forma da cidade, renovando qualitativa e culturalmente o espaço público.
Neste intervalo temporal de dez anos, desde o início da crise em 2007 até ao presente, apesar do brutal decréscimo deste tipo de investimento, verificou-se a construção de um significativo número de obras públicas de grande qualidade, que simbolizam a resiliência de alguns nichos de decisão (central, regional, local e institucional). Entidades que não desistiram de concretizar projetos anteriores ao início da crise e outros, que em contraciclo, assumiram a responsabilidade de desencadear novos projetos, durante esse mesmo período. Estes focos de resistência, foram acompanhados pelos arquitetos Portugueses. Acentuou-se o carismático voluntarismo e paixão pela disciplina que lhes é reconhecido, associado a uma noção muito nítida do respetivo papel social e político, num contexto muito adverso à sua prática. Através de uma seleção de 12 obras construídas durante o período referido, é possível elaborar uma pequena história do mais recente obrado “Edifício Público” de autoria Portuguesa, cujo significado se insere na ideia do “Espaço Livre”, temática central de La Biennnale di Venezia de 2018. As obras escolhidas pretendem demonstrar a diversidade de programas e escalas que os arquitetos portugueses trabalham, enfatizando a sua cultura generalista e a sua excelência transgeracional, representada por todas as gerações no ativo. A exposição irá incluir também uma série de filmes sobre o estado actual das obras, explorando os modos e as dinâmicas de apropriação e vivência das pessoas que, de forma mais frequente ou esporádica, realizam a missão pública dessas mesmas obras. Os autores são 4 artistas contemporâneos portugueses com percursos consolidados e de amplo reconhecimento, entre as artes visuais e o cinema, e com experiências anteriores no domínio da representação da arquitetura.

Biografias Curadores

Nuno Brandão Costa (n. 1970) licencia-se pela FAUP (Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto) em 1994, onde leciona a Cadeira de Projeto 4 desde 2001 e se doutorou em 2013. Entre 1992 e 1993 faz um estágio curricular com Herzog & de Meuron em Basileia na Suíça, entre 1993 e 1997 colabora com José Fernando Gonçalves & Paulo Providência no Porto e em 1998 inicia a sua atividade na sequência do 1º prémio no Concurso para o projeto da Biblioteca da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Nova de Lisboa. O seu trabalho foi exposto na 8.ª Exposição Internacional da Bienal de Veneza em 2004; na Bienal de arquitetura de São Paulo em 2005; “Portugal Now”, Cornell University, Nova Iorque em 2007; “Tradition is inovation” Tokyo em 2011, na Trienal de arquitetura de Milão em 2004 e 2014 e na 2a Bienal de arquitetura de Chicago em 2017. Autor dos projetos expositivos da Trienal de Arquitectura de Lisboa em 2007 e 2016. Nomeado para o prémio “Mies Van der Rohe”, 2008, BSI – Swiss Architectural Award, 2012 e o Prémio FAD, 2017 É-lhe atribuído o Prémio revelação e mérito “Jornal Expresso / SIC” em 2004, o Prémio Secil em 2008 e o Prémio Vale da Gândara em 2010/2011. Professor convidado na ETSA da Universidad de Navarra; Estudio Barozzi Universidade de Girona; EHL CAMPUS Lausanne. Crítico convidado na Escola de Arquitectura da Universidade do Minho (EAUM), Departamento de Arquitetura da Universidade de Coimbra (DARQ), École Polytechnique Federale de Lausanne (ENAC-EPFL), FAPyD-UNR de Rosário e Harvard Graduate School of Design (GSD), Cambridge, EUA. Coordenador e professor do Curso de Estudos Avançados em Projecto de Arquitectura (EAPA 2014/2015) na FAUP. Conferencista em Seminários e Faculdades de Arquitetura na Alemanha, Argentina, Bulgária, Colômbia, Croácia, França, Itália, Macedónia, Portugal, Republica da Irlanda, Espanha e Suíça.

Sérgio Mah (n. 1970) vive e trabalha em Lisboa. É Licenciado em Sociologia e Mestre em Ciências da Comunicação. Atualmente, é Professor de Fotografia e Artes Visuais na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa. É autor de vários ensaios sobre a obra de artistas e sobre vários temas das artes visuais contemporâneas. Foi coautor da série documental “Entre Imagens” para a RTP2. Enquanto curador, foi responsável por inúmeras exposições individuais e coletivas que incluíram artistas como Thomas Demand, Walid Raad, Jeff Wall, Francisco Tropa, Victor Burgin, David Claerbout, Hiroshi Sugimoto, Pedro Costa, Albert Renger-Patzsch, Ângelo de Sousa, tendo trabalhado com vários centros de arte e museus em Portugal e no estrangeiro, como o Jeu de Paume (Paris), o Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofia (Madrid), o Deichthorhallen Hamburg, o Museu Berardo, a Fondación Telefónica (Madrid) e o Museo Nacional Thyssen-Bornemisza. Foi o comissário-geral das edições de 2003 e 2005 da LisboaPhoto, e das edições de 2008, 2009 e 2010 da PhotoEspaña. Foi o comissário do Pavilhão Português na Biennale Arte 2011.