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"A seam, a surface, a hinge, or a knot" é o projeto selecionado para representar Portugal nesta edição de 2019. 

a seam, a surface, a hinge, or a knot
Por João Ribas
Curador

A representação oficial portuguesa na 58ª Bienal de Veneza apresenta a obra de Leonor Antunes, uma das artistas mais importantes da sua geração. Envolvendo história de arte, arquitetura e design, Leonor Antunes reflete sobre as funções dos objetos do quotidiano, contemplando o seu potencial para se materializarem como esculturas abstratas. a seam, a surface, a hinge, or a knot reflete a pesquisa de Antunes sobre o trabalho de figuras importantes no contexto da arquitetura da cidade de Veneza, como Carlo Scarpa, Franco Albini e Franca Helg e, mais recentemente, os legados de Savina Masieri e Egle Trincanato, que foram particularmente ativas na Veneza do Pós-guerra.
A exposição reflete sobre os contributos de Masieri, e as suas encomendas a Frank Lloyd Wright e Carlo Scarpa, e os menos conhecidos desenhos de Trincanato, a primeira arquiteta formada pelo Istituto Universitario di Architettura di Venezia, autora de um estudo sobre a arquitetura veneziana popular desde o século XIII ao século XVIII, e que foi também diretora do Palazzo Ducale e presidente da Querini Stampalia. Tanto Savina, como Trincanato tiveram um papel fundamental na formação de uma aceção de Veneza como cidade “moderna”, através de desenhos de exposições, arquitetura e trabalho histórico. Antunes está interessada em como as tradições artesanais de várias culturas se cruzam dentro dessa história de gênero.
Antunes liga o conceito japonês de "Shakkei", por exemplo, que designa o uso de um fundo, ou de uma paisagem “emprestada”, no projeto de um jardim, a formas de artesanato e de fabricação originárias de Itália, Japão e Portugal. Insistindo no interesse em conhecer o artesanato e a sua memória técnica e cultural, alguns elementos da exposição são produzidos em colaboração com mestres carpinteiros, artesãos do couro e sopradores de vidro, incluindo a Falegnameria Augusto Capovilla, uma das carpintarias venezianas ainda ativas e que trabalharam de perto com Scarpa.
Como projeto site-specific, a seam, a surface, a hinge, or a knot foi concebido em relação com o local escolhido para acolher o Pavilhão de Portugal, ao qual a artista respondeu com uma série de gestos e motivos esculturais. No piso inferior do Palazzo Giustinian Lolin, the androne, criou um pavimento em cortiça intercalado por duas esculturas que funcionam como telas e dois candeeiros  concebidos por Trincanato para o Istituto Nazionale per L'Assicurazione Contro gli Infortuni sul Lavoro (INAIL) em Veneza. No piso nobre, uma série de perfis de alumínio revestido, baseados em exposições de Trincanato, funcionam como elementos recorrentes. Distribuídos pelo espaço, o seu ritmo vertical envolve e suporta esculturas intricadas fabricadas em mogno, freixo, aço inoxidável e tília.  A artista criou também várias lâmpadas em latão e vidro soprado feitas em colaboração com uma fábrica de vidro em Murano. As próprias janelas do palácio foram alteradas de modo a permitirem a entrada de luz natural no espaço interior, como elemento emprestado da paisagem.
A exposição une esses vários materiais, tradições artesanais e referências históricas.
Leonor Antunes: a seam, a surface, a hinge, or a knot será apresentada no Palazzo Giustinian Lolin, junto ao Canal Grande, obra do importante arquiteto veneziano Baldassare Longhena (1598-1682).  Longhena é talvez mais conhecido por dois palácios, que se encontram ambos igualmente no Canal Grande: o Palazzo Pesaro (1659–1710) e o Palazzo Rezzonico (década de 1660–1752/56). A Igreja de Santa Maria della Salute (1631/32–1687), localizada à entrada do Canal Grande, é considerada a sua obra-prima, tendo sido encomendada pela república em 1630.
 

Fotografias de trabalhos da Artista

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Fondazione Olga e Ugo Levi | Palazzo Giustinian Lolin 

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Ficha Técnica

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